Era questão de tempo, praticamente uma contagem regressiva para os
palmeirenses acabarem com a angústia de ver o time na Série B. Sem
adversários à altura, o Verdão passeou pela Segundona com uma campanha
sólida e de raros sustos. Tão fácil que, a seis rodadas do fim, bastava
um simples empate para voltar à elite. E foi assim. Em um jogo com
arbitragem polêmica e grande atuação de um goleiro formado no
arquirrival Corinthians, o Palmeiras empatou sem gols com o São Caetano,
no Pacaembu, e está garantido na elite em 2014.
O 0 a 0 foi frustrante para quem esperava uma goleada diante do vice-lanterna, e houve até quem vaiasse a equipe após o jogo - principalmente membros de uma torcida organizada.
A grande maioria dos palmeirenses, porém, aplaudiu a equipe e reprovou a
atitude da uniformizada. O público foi de 33.478 pagantes (renda de R$
1.221.630,00).
- Não foi como nós queríamos, mas voltamos. A torcida fez a parte dela.
Nos apoiou, e tentamos fazer a nossa parte. A bola não entrou.
Procuramos o gol até o fim, mas a bola não entrou - disse Valdivia.
A tranquilidade vivida pelos palmeirenses em todo o torneio desapareceu
neste sábado. O Verdão se mostrou ansioso para resolver a partida e foi
ao desespero com o árbitro no fim do primeiro tempo. Wilson Luiz Seneme
marcou pênalti após dividida entre Alan Kardec e Rafael Santos na área.
No entanto, mudou de ideia ao chegar à linha de fundo e ouvir do
assistente Carlos Augusto Nogueira Júnior que o goleiro acertou a bola.
O camisa 1 do Azulão, aliás, foi o grande responsável pela comemoração
do Palmeiras não ter sido com uma vitória. O jogador, formado nas
categorias de base do Corinthians, fez grandes defesas, sobretudo no
segundo tempo, e ajudou o São Caetano a continuar vivo em sua luta para
fugir do rebaixamento - o time está a cinco pontos do ABC, primeiro fora
da zona da degola.
Com as arquibancadas lotadas, a festa do acesso começou muito antes da
partida. Ídolos do passado, como Ademir da Guia, Evair, Edmundo e
Marcos, entregaram a camisa amarela para os jogadores atuais -
O terceiro uniforme, lançado e usado pela equipe neste sábado, é uma
homenagem ao time do Palmeiras que representou a seleção brasileira em
um amistoso contra o Uruguai, em 1965.
O alvo agora é a conquista de um bicampeonato que a torcida jamais
sonhou ter. Ele também está próximo de acontecer. O Verdão tem 69
pontos, nove de vantagem para o Chapecoense, segundo colocado. Na
próxima rodada, o time paulista enfrenta o Paraná, sábado que vem, às
16h20m, no estádio Durival Britto, em Curitiba.
O São Caetano ainda tem chances remotas de escapar do rebaixamento para
a Série C. O Azulão soma 31 pontos e vai precisar de uma sequência de
vitórias para escapar. No próximo sábado, pega o Sport, às 17h20m, no
Recife.
Pênalti! Só que não!
O desejo de resolver rapidamente a partida e dar início à comemoração
atrapalhou o Palmeiras no primeiro tempo. Era como se os 90 minutos de
jogo passassem assim que o time marcasse o primeiro gol. Não marcou, e
o nervosismo aumentou a cada chance desperdiçada, a cada bola mal
dominada na área. Quando o alívio parecia certo, foi a vez da arbitragem
tumultuar o jogo.
Wesley e Valdivia, os dois mais talentosos da equipe, chamaram a
responsabilidade de furar o bloqueio rival. Com boa movimentação e
passes precisos, levaram o Verdão ao ataque. Vinícius, logo aos seis
minutos, criou a primeira grande oportunidade. Rafael Santos, goleiro
formado na base do Corinthians e destaque do Azulão na partida,
espalmou.
Do outro lado do campo, a defesa palmeirense não economizou nos sustos.
Principalmente com André Luiz, pelo lado direito. Primeiro, o veterano
defensor quase fez contra com um desvio que Fernando Prass tirou com a
perna direita. Depois, foi facilmente driblado por Cassiano Bodini na
área. O goleiro salvou novamente.
O Palmeiras não demorou a recuperar o controle do jogo. Após confusão
na área, Henrique perdeu grande chance ao driblar um marcador na área e
chutar por cima. Em seguida, começaram os problemas com a arbitragem.
Vinícius se jogou ao disputar um lance com um rival. Valdivia ficou com a
bola sem marcação, mas esperou o árbitro Wilson Seneme dar o pênalti e
acabou sendo desarmado.
Aos 39, o lance mais polêmico. Alan Kardec recebeu passe do Mago na
área, tentou driblar Rafael Santos e caiu. Seneme marcou pênalti, mas,
ao se aproximar da linha de fundo, ouviu do assistente Carlos Augusto
Nogueira Júnior que o goleiro havia tocado na bola. Imediatamente, o
pênalti foi cancelado, revoltando os palmeirenses.
Ex-corintiano segura o Verdão
O Palmeiras voltou do intervalo ainda mais ofensivo. A movimentação na
frente abriu a defesa do São Caetano e permitiu que o Verdão sufocasse.
Rafael Santos, porém, estava disposto a estragar a festa. Ele espalmou
um chute forte de Ananias e, em seguida, mesmo se atrapalhando, jogou
para fora um desvio de Alan Kardec na pequena área. Pouco depois, foi a
vez de André Luiz parar em nova defesa do goleiro.
Gilson Kleina apostou em mais velocidade para manter o Palmeiras em
cima com a entrada de Serginho no lugar de Vinícius. A troca manteve o
Verdão no controle da partida, mas a defesa se abriu e passou a levar
sustos. Éder e Giovane, em chutes perigosos, obrigaram Fernando Prass a
fazer ótimas defesas e evitar a desvantagem.
Kleina ainda tentou novamente ao colocar Ronny em substituição a
Ananias, mas, com o passar do tempo, o Palmeiras se mostrava bastante
satisfeito com a igualdade. O time continuou atacando, tentando
encontrar espaços na defesa adversária, porém, diminuiu
consideravelmente o ritmo ofensivo. Nas arquibancadas, a torcida se
mostrava angustiada, à espera de um gol para sacramentar a vaga.
No fim da partida, o Verdão ainda arriscou. Serginho soltou a bomba de
fora da área. De novo, Rafael Santos defendeu e impediu a explosão dos
torcedores no Pacaembu. Nada que durasse por muito tempo. Minutos
depois, o apito final trouxe o alívio esperado pelos mais de 30 mil
presentes e uma tímida comemoração. O Palmeiras está de volta para casa.
Por
Marcelo Hazan e Rodrigo Faber.