Só o São Paulo fez gols no Pacaembu. Ganso, Luis Fabiano, Rodrigo Caio e
dois de Antônio Carlos, o goleador da tarde. Não, não foi 5 a 0 para o
time de Muricy Ramalho. O zagueiro-artilheiro fez dois contra e deu
emoção a um clássico muito bom no Pacaembu, mas que teve domínio
tricolor diante de um Corinthians impecável no primeiro tempo (quando em
vantagem), mas frágil ao tentar sair para o jogo.
O companheiro de zaga Rodrigo Caio salvou a pele de Antônio Carlos nos
últimos minutos: 3 a 2 e o fim de um longo jejum: eram 15 meses sem
vencer um clássico. A última vez havia sido também contra o Timão no
Pacaembu.
Durante todo o tempo, os visitantes tiveram mais posse de bola no
Pacaembu, mas demoraram a conseguir furar o sistema defensivo
corintiano. O São Paulo de Muricy Ramalho evoluiu coletivamente. Já o
Corinthians, que teve Mano Menezes expulso no fim do primeiro tempo,
melhorou na etapa final com a entrada de Guerrero.
Os dois times sentiram falta de suas novas estrelas. Jadson poderia ter
se aproveitado muito bem do espaço no meio-campo. A qualidade técnica
de Alexandre Pato também seria um trunfo importante para o ataque de
Muricy Ramalho. Os clubes estudam a possibilidade de liberá-los para o
duelo do Campeonato Brasileiro .
O Corinthians terá uma semana só de treinos até a próxima partida. No
próximo domingo, a equipe vai enfrentar o Penapolense na casa do
adversário. Compromisso importantíssimo porque o time segue dois pontos
atrás do Ituano e faltam apenas duas rodadas para o fim da primeira
fase. A equipe do interior vai enfrentar justamente o São Paulo no fim
de semana.
Já o Tricolor, aliviado por, finalmente, vencer um de seus principais
rivias, começa nesta quarta-feira sua caminhada na Copa do Brasil,
contra o CSA, em Maceió. Será a estreia do atacante Alexandre Pato, já
confirmado como titular.
Só Ganso vence a retranca
Retranca. Não há outra palavra para definir o que fez o Corinthians,
principalmente depois de abrir o placar. E nem é condenável. Foi a
proposta de jogo de Mano Menezes para utilizar a velocidade de Romarinho
e Luciano. O Timão não propôs o jogo e chegou ao gol num lance de
escanteio, ponto fraco do São Paulo neste Campeonato Paulista.
Já que os clubes (felizmente!) vivem 2014 em extrema cordialidade, com
trocas pra cá, abraços pra lá, Antônio Carlos resolveu entrar no clima.
Luciano cruzou com força para o meio da área e o zagueiro-artilheiro,
que tanto gosta das redes, furou ao tentar cortar de pé direito. A bola
resvalou na canhota e entrou.
Um castigo para o Tricolor, que havia iniciado bem o Majestoso,
sobretudo com Osvaldo, num flashback de seus bons momentos de 2012,
infernizando Fagner pelo lado esquerdo. Em desvantagem, foi um drama
tentar entrar na compacta defesa alvinegra. A bola girava de um lado pro
outro: Alvaro Pereira, Ganso, Maicon, Souza, Douglas... Douglas, Souza,
Maicon, Ganso... Até o corte de um dos três volantes do Corinthians ou
um erro de passe.
O jeito era arriscar de longe. Douglas, Luis Fabiano e Pabón tentaram,
mas foi justamente aquele que quase nunca chuta quem arrancou o grito
dos são-paulinos. A bola parecia grudada no pé de Ganso, mas saiu em
direção ao ângulo de Cássio como se fosse videogame. Um golaço! Por que
não faz isso sempre, Ganso?
Foi o primeiro dele no ano, o primeiro dele em clássicos pelo São Paulo
e o primeiro dele com a camisa 10, herdada de Jadson. Gol que irritou
ainda mais Mano Menezes. O técnico passou boa parte do primeiro tempo
reclamando do árbitro Luiz Flávio de Oliveira. Acabou expulso. O
Corinthians foi para o vestiário com posse de bola muito inferior e um
dilema: como fazer para tomar conta do clássico no segundo tempo?
Atacantes duelam e zagueiro decide
Souza, um dos melhores do Tricolor no primeiro tempo, saiu com dores no
joelho. Entrou Wellington. Renato Augusto, discretíssimo no Timão,
saiu. Entrou Guerrero. O peruano travaria ótimo duelo de camisas 9 com
Luis Fabiano. O Fabuloso, que nem parece o eterno insatisfeito do ano
passado. Ágil, rápido nas decisões, bem posicionado e empolgado.
Foi assim que o artilheiro do Paulistão completou linda jogada do lado
direito e virou o clássico. Com um drible, Douglas deixou dois para trás
e tocou para Pabón - e saiu a terceira assistência seguida do
colombiano para o centroavante.
Começava então a saga de Guerrero em busca do empate pessoal contra
Luis Fabiano. Ele tentou dividir com Rogério Ceni, escorregou e acertou o
goleiro. Nada de mais, um pedido de desculpas. Depois, não chegou por
centímetros ao cruzamento de Luciano. Mais alguns minutos e um cabeceio
que passou perto do gol do São Paulo.
Estava difícil. Só mesmo com a inestimável ajuda de Antônio Carlos num
lance amador da equipe de Muricy Ramalho. Douglas não soltou a bola em
contra-ataque e perdeu. No contra-ataque do contra-ataque, Guerrero
recebeu em suas costas, avançou e cruzou. Lá estava o
zagueiro-artilheiro para marcar seu segundo contra. O árbitro chegou a
dar o gol para o peruano, mas voltou atrás e, corretamente, "puniu" o
são-paulino.
O cansaço bateu, e o Majestoso ficou mais pegado. Guerrero, que havia
incendiado o ataque, sentiu lesão muscular e deixou o Corinthians com
dez nos instantes finais. E o prêmio ao domínio são-paulino veio no bom
cruzamento de Osvaldo para Rodrigo Caio. Enfim, um zagueiro da equipe
acertou o lado. Cabeçada certeira e a vitória garantida.
por
Alexandre Lozetti