Era a estreia de Adílson Batista no Vasco. Era a hora de, no Moacyrzão,
em Macaé, o time dar o sinal para a torcida de que poderia confiar na
difícil missão de conseguir ao menos cinco vitórias nas sete partidas
restantes para fugir do rebaixamento. Era também o momento de o
Coritiba, após dois triunfos seguidos, mostrar que a reação na tabela
não foi por acaso. E no duelo de duas equipes irregulares no Campeonato
Brasileiro, prevaleceu a luta cruz-maltina. Pode ter faltado futebol.
Faltou também, em boa parte do jogo, Juninho Pernambucano, que saiu com
dor na virilha aos 18 minutos. Mas sobraram esforço, disposição e uma
dupla que brilhou para o triunfo: Marlone parecia Juninho, e foi o
grande garçom para os dois gols de Edmilson, o artilheiro salvador. E o
Vasco, apesar do sufoco do Coxa no fim, venceu por 2 a 1 - Luccas Claro
diminuiu o placar para os curitibanos.
No primeiro gol do Vasco, Marlone cobrou falta na cabeça do atacante.
No segundo, fez jogada individual e serviu Edmilson para o camisa 19
apenas se antecipar e empurrar para as redes, para deleite de boa parte
dos 6.615 torcedores presentes em Macaé.
Com a vitória, o Vasco se anima e começa a fazer projeções. Com 36
pontos ganhos e ainda na zona de rebaixamento, subiu uma posição - está
em 17º lugar. E voltará a mandar seus jogos no Rio após a punição de
perda de mando de campo na briga de torcedores no jogo com o
Corinthians, em Brasília. E já começa na 33ª rodada, quando receberá no
Maracanã o Santos. Depois, terá pela sequência Grêmio e Corinthians
fora, Cruzeiro e Náutico em casa, e na última rodada pegará em Curitiba o
Atlético-PR. Um dos destaques da partida, Marlone não escondeu o alívio
com o resultado.
- Às vezes eu me emociono, sempre vivi aqui, longe da família e de
casa, não queria que o Vasco estivesse nessa situação. Hoje estou
vestindo a camisa do Vasco... A torcida não deixou de vir, fico muito
grato e só tenho a agradecer aos companheiros. O grupo todo está de
parabéns.
Com a derrota, o Coxa se mantém com 40 pontos e ocupa, provisoriamente,
o 13º lugar. No próximo sábado, irá ao Canindé, em São Paulo, encarar a
Portuguesa. Depois, pega Corinthians e Criciúma em casa. Na sequência,
enfrentará Inter (F), Botafogo (C) e São Paulo (F). O clube luta contra
mau retrospecto em jogos fora de casa: em 16 visitas, venceu apenas um
jogo, perdendo 10 e empatando cinco.
- É difícil achar uma explicação para não vencer fora, mas o início da
partida definiu um pouco. Tomamos o gol em uma jogada que não treinamos.
Nas próximas partidas fora de casa temos que entrar com mais atenção -
tentou explicar Junior Urso, do Coritiba.
Gol sem Juninho
A partida começou com ingredientes dramáticos para o Vasco, mas
terminou bem nos primeiros 45 minutos. Queria o técnico Adílson Batista
mostrar na sua estreia um time mais ameaçador sob o comando, em campo,
de Juninho. Queria a torcida que o Reizinho, com sua experiência, fosse o
fiel condutor da reação. O camisa 8 parecia um pouco tenso no começo.
Por duas vezes, foi advertido pelo árbitro. Pouco depois, aos 17
minutos, a triste, a pior notícia para o torcedor cruz-maltino: o ídolo
sentira dor na virilha. Tentou alongar, o incômodo não passou. O sinal
pedindo em direção ao banco pedindo a substituição soou como prévia de
uma noite trágica no Moacyrzão. Adilson mandou Abuda aquecer e entrar,
aos 18. A torcida se entreolhava, incrédula.
Pior que, em 15 minutos, o Vasco havia mostrado como buscaria o gol:
jogava pelas laterais do campo. Tanto Yotún quanto Fágner arrancaram de
trás e foram parados apenas com faltas, cobradas por... Juninho. Quando
conseguiu ir à linha de fundo, Fágner centrou na cabeça de Edmilson, que
mandou para fora o primeiro lance de perigo da equipe.
Após a saída de Juninho, o até então cauteloso Coritiba, com o
retrospecto de duas vitórias seguidas, pensou ser aquele o momento de se
soltar mais na partida. Um pouco antes, já tinha feito jogada
perigosa, com direito a calcanhar de Julio César, pela esquerda. Mas foi
aí que recebeu o duro golpe. O Vasco não tinha mais Juninho para as
cobranças de falta. Mas tinha Marlone. E, em cobrança pela esquerda, ele
fez como o Reizinho já fizera várias vezes: centrou na cabeça de
Edmillson. Dessa vez, o camisa 19, livre de marcação, não desperdiçou: 1
a 0, aos 26 minutos. Adilson Batista saiu comemorando aos pulos. A
torcida cruz-maltina voltou a cantar, o time recuperou a confiança.
Mas o futebol da primeira etapa acabou prejudicado, e muito, pelos
inúmeros erros de passes das duas equipes. Do lado do Coxa, a melhor
opção era Robinho, caindo sempre pela esquerda. Num passe de calcanhar,
serviu Geraldo, que pressionado por dois marcadores pediu pênalti, mas a
jogada seguiu. Menos ele. Com uma contratura muscular na coxa direita,
acabou substituído por Vítor Júnior. O time continou assim mesmo a
pressionar. Alex era bem marcado por Abuda, mas Robinho e Julio César
incomodavam do meio para a frente. E foi do camisa 11 o único tiro de
perigo do Coxa. E em bola parada: em falta pela meia-direita, Julio
César soltou uma bomba bem defendida por Alessandro, que garantiu a
vantagem vascaína na primeira etapa e recuperou um pouco a confiança,
abalada depois da falha que originou a derrota cruz-maltina para a Ponte
Preta.
Reprise vascaína
No intervalo, Adilson Batista resolveu fazer um verdadeiro ferrolho
para garantir a vitória: trocou o meia Franscimar por Renato Silva. Com
isso, ficou com três zagueiros e três volantes. A ideia era encurtar
mais ainda os espaços para Alex, Robinho, Carlinhos & Cia. Adiantou
Pedro Ken, pela direita, e deixou Marlone pela esquerda. Edmílson, pelo
meio, ficou isolado no ataque. O Coritiba, com Vítor Junior se
alternando pela esquerda e pela direita, forçava as jogadas para abrir a
zaga adversária e acertar aquele último passe que não conseguira no
primeiro tempo.
E foi pela direita que o Coxa teve duas boas chances, intercaladas por
um chute de Fágner que o goleiro Vanderlei deu rebote, mas o ataque
cuz-maltino não soube aproveitar: na primeira, aos 13, Vítor Junior,
pela direita, só não abriu o placar porque Alessandro, bem mais
confiante, saiu bem para salvar. Depois, Robinho foi à linha de fundo e
centrou para a chegada de Júnior Urso, que, livre, bateu longe do gol.
Parecia que o Coritiba reagiria. Ainda mais depois que Fágner, caído,
pediu substituição. Adilson o trocou por um atacante, Reginaldo,
desfazendo o ferrolho. Pior que Edmilson e Pedro Ken davam sinais de
falta de condições físicas, mas as três substituições já haviam sido
feitas. Foi aí, novamente, que surgiu a estrela do garoto Marlone: aos
27, em jogada individual, driblou dois pela esquerda e tocou para
Edmilson escorar para as redes. Era o segundo gol do Vasco. O técnico do
Coxa, Péricles Chamusca, trocou Alex, bem marcado por Abuda, por
Deivid.
O Coxa pressionou. Lincoln entrou no lugar de Junior Urso, e o time
diminuiu o placar com Luccas Claro, de cabeça, após falta cobrada na
área. O time melhorou e fez pressão até o fim. Aos 48, Lincoln obrigou
Alessandro a mais uma boa defesa. Era sinal que a noite era do Vasco.
Fim de jogo, alívio no Moacyrzão. A primeira missão vascaína foi
cumprida.
Por
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