No duelo de quem não tem muito mais o que fazer no Brasileirão, venceu
aquele que quis, ao menos, vencer. Nas fases decisivas das copas
Sul-Americana e do Brasil, São Paulo e Flamengo deixaram para poupar
seus jogadores no fim de semana e entraram em campo com o que tinham de
melhor. E os melhores dos paulistas mostraram também mais disposição no
estádio Novelli Júnior, em Itu. O resultado? Vitória por 2 a 0, sem
sustos, em partida válida pela 34ª rodada.
Os jogadores fizeram um protesto curioso no início da partida, em nome
do Bom Senso F.C., grupo que reivindica mudanças no calendário do
futebol brasileiro. Reuniram-se com o árbitro Alício Pena Júnior e, após
o apito inicial, apenas trocaram passes, de um lado do campo para o
outro, durante quase um minuto. Com isso, evitaram o risco de serem
punidos com cartão amarelo.
O resultado afasta definitivamente qualquer risco de rebaixamento do
Tricolor, que chegou aos 49 pontos e ocupa a sétima posição na tabela - a
melhor de um clube paulista. Pela frente, os comandados de Muricy
Ramalho têm o Fluminense, domingo, às 17h (de Brasília), no Maracanã. A
grande preocupação, porém, é com a semifinal da Copa Sul-Americana,
contra a Ponte Preta.
Os gols foram marcados por Rogério Ceni, convertendo um pênalti após
quatro erros seguidos, e Ademilson. Luis Fabiano, que sofreu a
penalidade, disputou 90 minutos pela primeira vez desde 5 de outubro e
se disse satisfeito após a partida.
- Não tive oportunidade de fazer gol, mas saio feliz por ter melhorado a
parte física. Venho treinando bastante, tive uma melhora legal,
batalhei, consegui me movimentar e não senti em nenhum momento a parte
física. Aos poucos, vou adquirindo mais força. Vou voltar a ser o que eu
era ainda este ano - afirmou o atacante, que se recuperou de uma lesão
muscular na coxa esquerda.
A situação do Flamengo é praticamente a mesma. Se os 45 pontos e a 12ª
colocação ainda deixam os cariocas com um pequeno risco de cair para
Série B, o pensamento já está na decisão da Copa do Brasil, diante do
Atlético-PR. Tanto que no domingo, às 19h30m, a tendência é que apenas
reservas entrem em campo diante do Grêmio, na Arena, em Porto Alegre.
André Santos, que falhou no segundo gol, admitiu que o time atuou pouco concentrado no jogo:
- Realmente, ninguém acertou nada. Desgaste dos jogos, campo pesado...
Normal. É difícil conseguir focar no Brasileiro. Temos a Copa do Brasil.
Agora, é colocar o foco e ir firme para o próximo jogo.
Chuveirinho acionado
Quando a partida começou para valer, após a troca de passes com
objetivo de protesto, não durou muito. Antes do terceiro minuto, o
sistema de irrigação do estádio foi ligado automaticamente, molhou o
banco de reservas do Flamengo e paralisou as ações por cerca de cinco
minutos. Já com tudo normalizado, o São Paulo demonstrou mais vontade e
tentou pressionar o Fla no campo de ataque.
Ademílson e Luis Fabiano corriam muito de um lado para outro,
dificultavam a saída de bola rubro-negra, mas o meio-campo muito povoado
em um gramado com dimensões reduzidas favorecia o sistema defensivo dos
cariocas. Se tabelas curtas eram complicadas, a solução era apelar para
lançamentos. E foi assim que Douglas desperdiçou boa oportunidade ao
dominar mal na frente de Paulo Victor.
Apesar de mandar para campo a escalação que deve começar a final da
Copa do Brasil, contra o Atlético-PR, daqui a uma semana, o Flamengo não
demonstrava força ofensiva. Mesmo com o São Paulo no ataque, o time não
conseguiu encaixar contragolpes, e Paulinho, destaque na competição em
mata-mata, esteve sumido. Já nos minutos finais, Hernane serviu Léo
Moura em uma boa triangulação, mas o lateral chutou para fora. Foi a
melhor chance rubro-negra em um primeiro tempo morno e com apenas quatro
finalizações (duas para cada lado) em Itu.
Ceni volta a marcar de pênalti
Na volta do intervalo, o São Paulo seguiu com mais vontade e aproveitou
um Flamengo sonolento para abrir o placar. Logo no minuto inicial,
André Santos evitou chance clara de Ganso. Dois minutos depois, porém,
não teve jeito. Elias derrubou Luis Fabiano na área: pênalti, que
Rogério Ceni cobrou para colocar um ponto final em qualquer trauma.
A esta altura, Ceni era o jogador com mais finalizações em campo: três
em quatro do São Paulo. A quinta, por sua vez, foi de um atacante. E foi
certeira. André Santos tentou passe de calcanhar no meio-campo, errou e
deixou a bola para Ganso. O meia demonstrou visão de jogo e deixou
Ademilson em boa condição para deslocar Paulo Victor e colocar o 2 a 0
no placar.
Até então passivo, o Flamengo até tentou despertar e passou a correr
mais. Nada, no entanto, que levasse perigo ao São Paulo. Com chutes sem
direção e muitos passes errados, os cariocas não assustaram Rogério
Ceni. O clima de "bom senso" dos minutos iniciais voltou a reinar, o
jogo esfriou e teve início uma contagem regressiva até o apito final.
Ainda faltam quatro jogos, mas paulistas e, principalmente, cariocas já
deixaram claro: o foco não está mais no Brasileirão.
Por
GLOBOESPORTE.COM