Ele não tem superpoderes, mas se veste diferente dos demais. Não
encara vilões, mas atacantes dispostos a ameaçar a paz em São Januário a
cada jogo. E, como alguns dos mais famosos super-heróis, Martín Silva
voa: salta em direção a todas as bolas para garantir a segurança do povo
cruz-maltino. Não à toa, o novo camisa 1 da Colina foi apelidado de
Superman no Paraguai, onde desde 2011 defendia o Olimpia. Uma alusão que
resume bem o momento do goleiro, contratado em janeiro com o status de
salvador para um clube que enfrentou diversas turbulências -
principalmente no gol - na temporada passada. De quase atacante,
artilheiro por um dia e até pedra no caminho do grande rival Flamengo,
Martín Silva é o super-herói vascaíno.
O apelido surgiu porque o goleiro aparecia sempre nos momentos mais complicados para salvar o Olimpia. Sem falar dos grandes saltos que realizava para evitar os ataques adversários. Segundo o próprio Martín, a brincadeira começou com um jornalista paraguaio. Mas logo a torcida entrou na onda. Em pouco tempo, ele ganhou um nome no melhor estilo lutador de MMA: Martín "Superman" Silva. Tanto que Marcelo Olmedo, designer gráfico e fã do Olimpia, criou diversas montagens do goleiro vascaíno com a roupa do Super-Homem. Ele, aliás, mantém um blog apenas para homenagear jogadores de seu clube.
O apelido surgiu porque o goleiro aparecia sempre nos momentos mais complicados para salvar o Olimpia. Sem falar dos grandes saltos que realizava para evitar os ataques adversários. Segundo o próprio Martín, a brincadeira começou com um jornalista paraguaio. Mas logo a torcida entrou na onda. Em pouco tempo, ele ganhou um nome no melhor estilo lutador de MMA: Martín "Superman" Silva. Tanto que Marcelo Olmedo, designer gráfico e fã do Olimpia, criou diversas montagens do goleiro vascaíno com a roupa do Super-Homem. Ele, aliás, mantém um blog apenas para homenagear jogadores de seu clube.
- Foi um comentarista que disse isso em uma
partida do Olimpia, e o apelido de Superman pegou. Sinceramente? Eu
nunca me senti um Superman. Isso é coisa dos torcedores - resumiu Martín
Silva ao GloboEsporte.com.
Idolatria no Paraguai e gol DECISIVO
Quando
não está salvando o Vasco, a versão Clark Kent de Martín Silva faz o
estilo de homem apegado à família. Gosta de passar o tempo livre vendo
televisão em casa e bebendo seu chimarrão. Não perde a oportunidade
também de ficar ao lado das mulheres de sua vida: a esposa Paola e as
filhas Rocio e Sofia, donas de duas tatuagens em seus antebraços. São
muitas as declarações nas redes sociais àquelas que ele chama de
"princesas".
Em campo, porém, a segurança, a dedicação e os reflexos são suas
principais características. Além da fidelidade. Perto de completar 31
anos no próximo dia 25 de março, Martín é um goleiro que costuma cumprir
seus contratos. Até hoje, só vestiu a camisa de três clubes: fora Vasco
e Olimpia, atuou também pelo Defensor, do Uruguai, no qual iniciou sua
carreira.
Mas foi em Assunção onde viveu seu melhor momento
como super-herói profissional. Contratado em 2011, ele é considerado por
muitos um dos maiores goleiros da história recente do Olimpia. Campeão
do Torneio Clausura daquele ano, era o líder da equipe que chegou ao
vice-campeonato da última Libertadores, acabou eleito o melhor goleiro
da competição e ainda foi escolhido o melhor goleiro das Américas em
2013 na tradicional eleição do jornal uruguaio "El País".
A
vaga na competição sul-americana, aliás, foi garantida com um gol de
Martín Silva. Era a antepenúltima rodada do Clausura de 2012. O jogo
contra o Sol de América estava 0 a 0 quando o Olimpia sofreu um pênalti.
Em uma atitude inesperada, o goleiro pediu para cobrar. E não
desperdiçou a chance. A vitória deixou o Olimpia com um pé na
Libertadores. Bastava o Libertad confirmar a conquista do título, o que
veio a acontecer. Artilheiro por uma noite, ele se lembrava ali de seu
início no futebol. Na primeira vez que se matriculou em uma escolinha,
por volta dos seis anos, jogava como atacante. Até o dia em que foi
deslocado para o gol por causa de sua altura, 1,87m.
Com
liderança, segurança embaixo das traves, grandes defesas e até mesmo um
gol, "Superman Silva" conquistou os paraguaios. Para alguns, seu ponto
fraco seria a saída de gol em jogadas de bola parada. Mas, mesmo assim, a
torcida paraguaia lamenta o fim do ciclo até hoje. O contrato em
Assunção iria até 2015, mas a crise financeira e os atrasos no pagamento
dos salários levaram Martín à Justiça para deixar do clube. O mesmo
aconteceu com o volante Aranda, outro que hoje veste a camisa do Vasco.
-
Como em poucas vezes acontece depois de saída de um jogador, a
frustração foi enorme entre os torcedores do Olimpia quando foi
oficializado o adeus. Todos lamentaram porque consideram Martín um
ídolo. Ele provavelmente foi o melhor goleiro do clube na última década.
Com boas atuações, conquistou o carinho da torcida e o respeito dos
adversários. Sempre se mostrou muito seguro e foi vital para a vitória
do Olimpia em diversas partidas. Seu temperamento e grandes reflexos
foram vitais para o clube alcançar o título do Clausura de 2011 e chegar
à final da Libertadores no ano passado. Nos primeiros meses, muitos
criticavam sua saída do gol nas bolas paradas. Mas ele superou isso, e
não vejo pontos fracos em seu futebol. Ao contrário: seus reflexos e
entrega total em cada partida sempre chamaram atenção - destacou o
jornalista paraguaio Juan Carlos Lezcano Flecha, do jornal "ABC Color".
Pedrada e vitórias sobre o Fla
Se não saiu vencedor na final contra o Atlético-MG em 2013, Martín Silva
tem boas recordações de quando enfrentou outro clube brasileiro: o
Flamengo. Ele já ajudou a eliminar o maior rival do Vasco de duas
edições da Libertadores. Em 2007, era ele o goleiro do Defensor. Nas
oitavas de final, vitória por 3 a 0 no Uruguai e derrota por 2 a 0 no
Maracanã.
No segundo jogo, Martín abusou da cera e irritou os rubro-negros.
Em
2012, teve participação indireta na eliminação do Rubro-Negro. Já
defendendo o Olimpia, caiu no mesmo grupo dos cariocas e não perdeu
nenhum dos confrontos: 3 a 2 no Paraguai e 3 a 3 no Engenhão - depois de
o clube da Gávea abrir 3 a 0. Para finalizar, Martín participou do jogo
entre Olimpia e Emelec, na última rodada. A vitória dos equatorianos
fora de casa decretou a eliminação rubro-negra. Em quatro jogos contra o
agora rival, duas vitórias, um empate e apenas uma derrota - na qual
deixou o campo classificado.
Experiência também não falta ao
goleiro. Ele é constantemente convocado para a seleção do Uruguai desde
as categorias de base. Disputou a Copa do Mundo de 2010, a Copa América
de 2011 e a Copa das Confederações de 2013, sempre na reserva.
E
tem cinco participações em Libertadores no currículo: 2006, 2007, 2009,
2012 e 2013. Sem falar na Sul-Americana. E foi em uma delas que mostrou
outro traço de sua personalidade: a raça. Nas oitavas de final de 2010,
o Defensor enfrentou o Independiente. Após vencer por 1 a 0 em casa, o
clube uruguaio foi eliminado com uma derrota por 4 a 2. Nessa partida,
Martín Silva foi atingido por uma pedrada na cabeça. Mesmo depois de
sangrar muito, o goleiro ficou em campo até o fim.
Vitória em São Januário
Com
tantas qualidades e em alta após os prêmios individuais e as boas
atuações na Libertadores 2013, era de se esperar que os poderes de
Martín Silva fossem disputados por vários clubes. E foi o que aconteceu.
Ainda mais depois de o goleiro se desligar do Olimpia. Fatores que o
levam a ser considerado uma vitória pessoal da diretoria vascaína.
Mesmo com o time rebaixado e vivendo uma delicada situação
financeira, o Vasco conseguiu a tão sonhada contratação depois de
disputar Martín com clubes como o Internacional. O desejo surgiu ainda
no meio do ano passado, mas naquela época o contrato com o Olimpia
tornava a situação inviável. Só mesmo o imbróglio entre o goleiro e o
clube paraguaio possibilitou a transferência. Ao Cruz-Maltino, coube o
pagamento de uma indenização bem inferior ao valor real de mercado de
seu novo camisa 1. Detalhe: mesmo sendo uma quantia pequena, o Vasco só
conseguiu fechar o negócio porque será parcelada em dois anos, mesmo
tempo do contrato de Martín.
- Claro que ele foi uma vitória
para nós. Até porque não houve um investimento elevado na aquisição.
Tivemos que ressarcir o Olimpia em um pequeno valor, nada perto do que
ele realmente vale. Ainda assim não conseguiríamos pagar à vista. Só
mesmo com o parcelamento durante o tempo do contrato. O mesmo aconteceu
com o Aranda. O Internacional também estava interessado no Martín, mas
conseguimos trazê-lo com nosso poder de convencimento. Temos boa relação
com o Régis (Marques), empresário do jogador. Ele está em alta no
mercado e é claramente um goleiro que resolve os problemas dos clubes
que defende. Tem 30 anos e defendeu apenas três. Isso mostra que ele
cumpre contratos - resumiu o diretor executivo de futebol do Vasco,
Rodrigo Caetano, lembrando que conversou com Martín e todos os reforços
sobre a situação financeira do clube.
O início do Vasco não poderia ser melhor. Martín Silva precisou de
apenas quatro jogos para assumir de vez o papel de super-herói vascaíno.
Vazado pela primeira vez apenas nessa quarta-feira, contra o Volta
Redonda, o novo camisa 1 caiu nas graças da torcida e é ovacionado a
cada rodada, a cada defesa, a cada voo. Ganhou até uma música no
clássico contra o Botafogo: "Olê, olê, olê, olá, Silva, Silva". Contra o
Voltaço, fez uma defesa sensacional com o pé em cabeçada na pequena
área (assista ao vídeo) nos minutos finais para garantir a vitória por 2
a 1. Foi mais uma vez ovacionado pelos vascaínos.
Ainda é
cedo, mas o carisma e potencial de futuro ídolo do clube já fazem o
departamento de marketing olhar com carinho para futuras ações com o
goleiro.
- Já tive esse olhar diferente para ele. O Vasco
tinha uma carência na posição. Se o Martín de fato se consolidar no gol,
se identificar com o clube, podemos fazer um trabalho especial com ele.
Sou favorável a isso. É um jogador que interage com as pessoas,
carismático e com um bom potencial de marketing. Ainda é cedo, mas ele
pode vir a ter a cara do Vasco - afirmou o vice-presidente de marketing
do clube, Victor Ferreira.
Por Edgard Maciel de Sá - Rio de Janeiro