Com um jejum de cinco partidas sem vencer, o Fluminense precisava dos
três pontos no Maracanã para se afastar da zona da degola. A Ponte, que
neste Brasileirão não conseguia duas vitórias seguidas, queria um
triunfo para reagir na tabela em que já ocupa o Z-4. Nenhum dos dois
times quebrou a sina. A partida, de fraco nível técnico, que abriu a 30ª
rodada, terminou com um empate por 1 a 1 mais que justo e preocupante
para os dois treinadores e as duas torcidas. A tricolor nem compareceu
em peso ao estádio: foram 14.899 pagantes (20.791 presentes), que
proporcionaram a renda de R$ 249.620,00.
As vaias no fim da partida foram o termômetro da insatisfação com um
jogo que, apesar dos muitos erros, ao menos teve gols no segundo tempo.
Rafael Ratão, num chute da entrada da área que contou com a sorte - a
bola bateu na trave e nas costas do goleiro Diego Cavalieri antes de
entrar -, abriu o placar para a Ponte, e Diego Sacoman, contra, igualou
para o Flu, num resultado ruim para as duas equipes e que deixou cada
vez mais expostas as suas limitações. O Flu, cheio de desfalques - o de
Rafael Sóbis, muito sentido -, tem poucas peças de reposição. A Ponte,
também com elenco fraco, apresenta dificuldade de reagir e sair da
penúltima posição.
Agora com 36 pontos, o Flu, em 14º e há seis jogos sem vitória, não
consegue sair da cola do Z-4. A Ponte, com 30, segue com o grave
problema de não ganhar duas partidas seguidas e se mantém na penúltima
posição. Na 31ª rodada, o Tricolor receberá o Vitória, domingo, no
Maracanã, e a Macaca terá como visitante o Vasco no mesmo dia, no Moisés
Lucarelli. Na saída de campo, o sempre esforçado Jean deixou as falhas
de lado e preferiu destacar o espírito de luta do Flu.
- Não podemos parar de lutar, temos de lutar até o fim. Foi difícil
buscar a virada hoje, levamos um gol e ao menos conseguimos empatar.
Do lado da Ponte, o atacante Rafael Ratão, que perdeu um gol numa
furada mas marcou pouco depois -, achou o empate até favorável para a
Macaca.
- O resultado foi bom porque pensávamos em ganhar ou empatar, mas empatamos e é isso.
Primeiro tempo morno
Antes de a partida começar, os dois times se juntaram e fizeram uma
roda no meio-campo durante o minuto de silêncio pelo falecimento da mãe
do ex-presidente tricolor Roberto Horcades. O gesto foi também para
fortalecer o Bom Senso, movimento dos atletas profissionais que briga
por melhores condições de trabalho. Quando a bola rolou, cada uma das
equipes procurou fazer a sua parte para amenizar a situação na tabela.
Mas para quem briga na parte de baixo, contra a degola, faltou muito.
Fluminense e Ponte Preta deveriam ter entrado ligados. Mas a
fragilidade das equipes - o Flu, principalmente, pela quantidade enorme
de desfalques - ficou exposta nas poucas chances criadas no primeiro
tempo. E o detalhe: todas oriundas de bola parada, ou de cobrança de
falta ou escanteio. A lentidão na saída de jogo, a carência de jogadas
pelas laterais... Pelo meio, ficava sempre mais difícil. E a partida foi
tão truncada e com tão pouca coragem para se lançar ao ataque que a
primeira oportunidade real de perigo surgiu de um escanteio aos 21
minutos, quando Gum, de cabeça, obrigou o goleiro Roberto a defesa
difícil.
Com um falso esquema de três zagueiros - Edinho cumpria ali a missão de
ser o terceiro homem, mais à esquerda -, o Flu tinha os garotos Eduardo
e Rafinha muito tímidos. Diguinho mostrava a velha dificuldade de
criar. Cabia a Jean ser mais incisivo, e ele até procurou jogo com o
veloz Biro-Biro - Samuel, enfiado na área, estava muito escondido do
jogo. Mas o Flu não encaixava seu poder de fogo.
A Ponte tentava explorar o também rápido Rildo pela esquerda. Alef e
Elias procuravam servir o atacante. O camisa 7 recebeu em boas condições
apenas uma vez, mas bateu para fora. A jogada mais perigosa surgiu
mesmo na bola parada. Como a falta que Fellipe Bastos cobrou de longa
distância. O quique na grama quase enganou Diego Cavalieri, de volta da
Seleção. O goleiro espalmou, e no rebote Ferron perdeu boa chance de
abrir o placar. No fim, em outra bola de escanteio do Flu, Biro-Biro, de
frente para o gol, bateu para fora e deixou a torcida com o grito de
gol engasgado. Mas o 0 a 0 era muito justo.
Mexidas e gols
O técnico Vanderlei Luxemburgo confundiu ainda mais a torcida tricolor
ao trocar Eduardo por Igor Julião. Com isso, Bruno foi para o meio de
campo, e Julião para a lateral direita, sua posição. O time até mostrou
mais poder ofensivo. A Ponte recuou. Rafinha subia mais, e foi pelo lado
esquerdo do Flu, direito da Macaca, a jogada de contra-ataque que o
técnico Jorginho tanto queria. Elias lançou Régis, que avançou e bateu
cruzado, com perigo. Pouco depois, o camisa 2, em outra jogada de
velocidade, caiu na área e reclamou de pênalti de Edinho - o árbitro
mandou seguir.
O Flu tentava, mas não conseguia criar chances. Bruno voltou à lateral
direita, Julião foi para a esquerda e Rafinha assumiu a meia direita.
Também não funcionou. Jorginho, que já havia trocado Leonardo por Rafael
Ratão na Ponte, depois pôs Adrianinho no lugar de Elias. E Vanderlei
trocou Bruno por Marcos Júnior... Com essas mexidas todas, o jogo até
ficou mais aberto. Mas os dois times perderam chances claras: a Ponte,
após bobeira de Gum, teve duas seguidas. Ratão furou a bola, e Fellipe
Bastos bateu para outra defesa de Cavalieri. No Flu, Samuel e depois
Biro-Biro demoraram a chutar e sequer concluíram a jogada a gol.
Luxa se irritou e trocou Gum por Fábio Braga. No contra-ataque dos
sonhos da Ponte, Ratão bateu da entrada da área. A bola tocou na trave,
nas costas de Diego Cavalieri e entrou.Gol da Macaca. A sorte parecia
fugir do Fluminense. Mas, três minutos depois, em centro da direita,
Diego Sacoman empurrou a bola para dentro, marcando contra. Nada mais
justo que o empate num jogo fraquíssimo. E tome vaias dos tricolores...
Mas, na verdade, os dois times precisam reagir, e muito, neste
Brasileiro.
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