Não bastassem a eliminação da semifinal da Copa do Brasil
e a dura sequência de seis partidas sem vitória, o Grêmio tem outro
problema para resolver antes de enfrentar o líder do Brasileiro no
domingo: a falta de gols. São cinco confrontos sem balançar as redes, o
equivalente a 508 minutos de jejum. Marca negativa que causa conflitos
de compreensão no vestiário tricolor. Há quem diga que o infortúnio é
natural, outros preferem retirar o componente "azar" da questão. Uma
coisa é certa: a seca de gols será estudada internamente.
Quem adianta a providência é o diretor executivo de futebol Rui Costa.
Ele defende que não pode ser apenas azar o fato de a equipe ter
finalizado 49 vezes nos últimos dois jogos e ter passado em branco - 0 a
0 com o Bahia e Atlético-PR, este último que custou a vaga à final do
torneio de mata-mata.
- Tem que ter uma razão, que vai ser debatida internamente. Esse time
já fez muito gol. Infelizmente, a bola não está entrando. E não é só
azar.Temos que verificar internamente - avisou Rui, no triste vestiário
da Arena.
O presidente Fábio Koff adota tom mais ameno. Elogia os atacantes e crê no retorno dos gols
- Houve precipitação. É normal a ansiedade. Temos atletas com vocação
de goleador. Barcos foi artilheiro, Vargas não tem jogo da seleção
chilena que não faça... O futebol é interessante. O vilão vira herói, o
herói vira vilão. Centroavante vive de gols. Ele não tem feito. Tem um
pouco de sorte, sim. Espero que ele volte a ser goleador. Confio nele. A
fase deve passar. A obrigação é dele, mas não só dele. Todo o time tem
de fazer.
Ao falar sobre Barcos, Koff tocou no nome que mais incomodou a torcida.
O argentino, que não marca desde 16 de outubro ou há seis jogos, foi o
que mais finalizou no empate da quarta-feira. Foram sete tentativas
sobre o gol do Furacão, todas em vão. O que enervou os gremistas, que
chegaram a xingá-lo na saída do gramado, recebendo de volta um gesto
obsceno.
O atacante, ainda artilheiro do time no ano com 13 gols, se mostra tranquilo. Promete apenas muita luta para voltar a marcar:
- Não vai ser a primeira nem a última dificuldade. A gente sempre
procura fazer gols constantemente, vou continuar trabalhando. Na minha
vida, nada foi fácil. Não vou deixar cair. Briguei toda a minha vida e
assim vou seguir.
Renato preferiu valorizar o número de finalizações na partida. Não
criticou o jejum do time e não vê outra saída: é treinar e passar
confiança.
- O que se pode acrescentar é treinar e dar confiança. Se passa, os
mesmos jogadores seriam heróis. Quando não acontece, se pega alguns para
serem vilões, estou vacinado. Sempre vou defender o grupo - disse.
É exatamente no trabalho de Renato que Rui confia para ver o time
marcando novamente - o último gol foi no Gre-Nal de 20 de outubro, aos 6
minutos do segundo tempo, com Vargas. Apoia-se no reconhecido talento
do técnico de seus tempos de jogador:
- Ele foi um grande atacante, esperamos que ele resolva esse problema. Vai saber como resolver, trabalhar essa situação.
O grupo folga nesta quinta-feira. Volta aos trabalhos na sexta e, no
domingo, vai a Minas Gerais pegar o Cruzeiro, que pode ser campeão sobre
o Grêmio, no Mineirão.
Por Diego Guichard -
Porto Alegre.