O Clássico dos Milhões, último dos jogos entre grandes a voltar a ser
disputado no Maracanã após a reforma para a Copa do Mundo, atraiu pouco
público, muita polêmica e terminou com vitória por 2 a 1 do Flamengo
sobre o Vasco. Num duelo que tinha Hernane Brocador, Martín Silva e
Douglas como candidatos a personagens do jogo, quem assumiu esse papel
foi o quinteto de arbitragem comandado por Eduardo Guimarães. O auxiliar
de linha não viu a cobrança de falta de Douglas quicar 33cm dentro do
gol. Em outra cobrança, de Elano, a arbitragem acertou ao validar o gol,
já que a bola entrou 22cm.
Ironia do destino. No camarote, o espanhol Rafael Nadal - tenista
número 1 do mundo que visitava pela primeira vez o estádio e até deu o
pontapé inicial no jogo - deve ter contado vantagem que no seu esporte
existe um recurso de vídeo para saber se a bola foi dentro ou fora. No
futebol sem o chip na bola, não. E o placar, que poderia ter tido dois
gols do Vasco, teve dois do Flamengo. Gabriel entrou no segundo tempo e
virou herói com um gol aos 44 minutos que garantiu a virada rubro-negra.
Fellipe Bastos abriu o placar diante de um público de 13.245 pagantes
(16.972 presentes). A renda foi de R$ 858.505.
- Desde criança, assisto a jogos no Maracanã. Hoje pude fazer um gol. É
fruto de trabalho, muito foco, muita dedicação. Acho que eu merecia ser
premiado - disse Gabriel.
Prejudicados, os vascaínos chegaram a partir para cima da arbitragem no
intervalo. A maior reclamação era com o auxiliar Rodrigo Castanheira,
que observou a cobrança de falta de Douglas, mas não viu a bola entrar.
- É um jogo tão gostoso de se jogar, vem um juiz e faz isso. O árbitro
pediu desculpas. Como assim, desculpa? - questionou Edmílson.
A vitória levou o Flamengo a 19 pontos e o manteve colado ao
Fluminense, líder no quesito saldo de gols (11 contra 8). Já o Vasco,
com 15 pontos, foi ultrapassado pela Cabofriense e caiu para quarto
lugar. Na próxima rodada, o Cruz-Maltino visita o Bangu na quarta-feira,
às 16h (de Brasília), em Moça Bonita. No mesmo dia, o Rubro-Negro
recebe o Madureira, às 22h, no Maracanã.
Cobranças de faltas entram, mas só uma vira gol
Com seus titulares, o Flamengo foi na base da vontade para superar o
desgaste da maratona de jogos na semana. Mas deu sinais de que ainda
sentia o cansaço de ter atuado por mais de 80 minutos com um homem a
menos no México, pela Libertadores, e de ter encarado 22 horas na viagem
de volta ao Rio. Praticamente só deu Vasco num primeiro tempo em que
terminou com 60% de posse de bola e teve no estreante Douglas sua
principal figura. Com muitos espaços, o meia construiu a jogada para o
gol de Fellipe Bastos aos 36 minutos. E era para ter feito o dele em uma
cobrança de falta que pegou no travessão, quicou 33cm dentro do gol,
saiu e o juiz não validou o lance, para revolta dos vascaínos.
O Vasco, mesmo superior, perdeu a chance de nocautear o adversário que
já estava na lona, mas conseguiu revidar na bola parada aos 39. Também
cobrando falta, em uma das raras finalizações do Fla no primeiro tempo,
Elano bateu colocado para defesa de Martín Silva já dentro do gol. Nova
polêmica, mas desta vez a arbitragem levou alguns segundos para entender
que a bola entrou e validou o empate rubro-negro. Novamente para
revolta dos vascaínos. No intervalo, os jogadores partiram para cima dos
árbitros, e o clima esquentou.
Gabriel entra no fim e vira herói
Preocupado em perder alguém expulso, Adilson Batista tratou de esfriar
os ânimos nos vestiário. O juiz distribuiu seis cartões no priomeiro
tempo, três para cada lado. O Vasco esqueceu o árbitro e voltou a jogar
bola. Começou a etapa final da mesma forma, pressionando, mas insistindo
em chutes de longe e chuveirinhos. Sentindo o cansaço do time, Jayme de
Almeida mexeu cedo e colocou Gabriel no lugar de um apagado Lucas Mugni
e Muralha no lugar de Amaral. Só então o Fla cresceu e começou a
atacar, o que pouco conseguia fazer até então.
Foi a vez do Vasco, pressionando desde o início, sentir o desgaste.
Adilson também resolveu colocar fôlego novo com William Barbio e Pedro
Ken nas vagas de Everton Costa e Aranda. Mas faltou velocidade a Barbio
num lançamento em que iria sair na cara de Felipe, mas viu Samir chegar
primeiro na bola. Exausto, Douglas também foi sacado para dar vez a
Bernardo. E quando tudo se encaminhava para o empate, aos 44 Gabriel se
consagrou. Levou sorte, é verdade. Tentou o passe, a bola bateu na zaga e
voltou para ele. Chutou e ainda contou com um leve desvio de Guiñazu
para vencer Martín Silva. Era o gol da vitória.
por
Globoesporte.com