Às vésperas de um jogo
considerado crucial na Libertadores, os jogadores do Botafogo decidiram
tomar uma atitude radical. Como forma de protesto pelo atraso de
salários, o elenco vai subir ao campo para treinar na manhã deste
sábado, mas ficará sem fazer qualquer atividade durante cerca de 30
minutos. No domingo, existe o risco de greve. O combinado inicial entre
os atletas é que ninguém vá ao Engenhão para fazer a atividade
programada para iniciar às 9h.
O protesto também deve ocorrer na segunda e na terça-feira, véspera
do jogo contra o Unión Española. Neste sábado os jogadores treinarão,
mas ficarão sem trabalhar nos primeiros minutos da atividade a ser
comandada pelo técnico Eduardo Hungaro. Em vez disso haverá uma reunião
para discutir os próximos passos do movimento. A diretoria ainda não foi
comunicada da decisão tomada pelo grupo.
No elenco, a
insatisfação chegou ao limite. Oficialmente a diretoria alega que o
clube deve um mês de salários atrasados, vencidos no último dia 20. No
entanto, os jogadores afirmam que são dois meses de atrasos na carteira e
dois meses de direitos de imagem. Além disso, o Botafogo ainda não
pagou a premiação pela vitória sobre o Deportivo Quito, que classificou o
time para a fase de grupos da Libertadores.
A paciência
acabou depois que a diretoria havia prometido quitar os salários antes
do jogo desta quarta-feira. No entanto, depois veio o comunicado que não
há mais previsão para o pagamento. Em conversas internas, os jogadores
sentem-se de certa forma abandonados pela diretoria, que estaria
adotando discursos evasivos ao falar sobre o problema.
A
insatisfação vem desde o ano passado. Os protestos começaram com a
recusa em fazer concentração – que acabou por tornar-se prática
instituída no Botafogo –, chegando ao ponto de o time viajar para
disputar uma partida em São Paulo, pelo Brasileiro, somente no dia do
jogo.
Do outro lado, o Botafogo vive situação de extrema
asfixia financeira, com suas receitas bloqueadas pela Fazenda Nacional.
Os recursos usados para o pagamento de salários de jogadores e
funcionários são conseguidos por meio de operações bancárias,
empréstimos e ajudas de botafoguenses ilustres.
Por Gustavo Rotstein e Thales Soares - Rio de Janeiro