Foi um lance para empolgar os fãs e dar esperanças aos amantes do bom
futebol. Aos nove minutos do segundo tempo de sua quinta partida desde a
volta ao Milan, Kaká
recebeu passe de Balotelli pela meia esquerda, perto da área
adversária, ajeitou para o pé direito e chutou com efeito, como nos
velhos tempos com a camisa rubro-negra. A bola fez uma bela curva e
entrou no ângulo, balançando a rede e abrindo o placar contra o Lazio.
Importa
pouco se o time da capital igualou depois, com Ciani, aos 27, e o jogo
pela décima rodada do Campeonato Italiano, no estádio San Siro, terminou
empatado por 1 a 1. O primeiro gol depois do retorno fez o brasileiro
comemorar muito, dando um pulo com um soco no ar. A reação do estádio
foi emocionante: os torcedores correram para as grades e gritaram muito
seu nome, enquanto era abraçado pelos companheiros. Em seguida, veio a
ovação ensaiada e dirigida pelo locutor do estádio: "Torna a iluminar
San Siro: Ricardo Kaká". O coro foi repetido cinco vezes, até que o
camisa 22 se desgarrou dos abraços e segurou a camisa do Milan,
apontando para o escudo do clube na direção da "Curva Sud", onde ficam
as torcidas organizadas.
Kaká não fez 'apenas' isso. Liderou
os rubro-negros em campo, participou bastante da partida e finalizou
seis vezes, três bem perigosas. De quebra, ainda deu um belo drible
entre as pernas do compatriota Hernanes, no primeiro tempo. Saiu de
campo aos 39 da etapa final, extenuado, mas satisfeito pela boa atuação.
O meia brasileiro voltou a marcar no estádio onde conquistou
as maiores alegrias de sua carreira, quatro anos e seis meses depois da
última vez que balançou as redes de San Siro, em 26 de abril de 2009,
quando marcou dois em vitória sobre o Palermo. Nessa temporada,
Kaká também balançou as redes no último jogo da temporada, contra a
Fiorentina, mas fora de casa, antes de assinar pelo Real Madrid, clube
que defendeu até 2 de setembro passado.
Com o empate, o Milan fica em 11ºlugar, com 12 pontos, a 15 do líder
Roma. O Lazio está com 16, em sétimo. No próximo sábado, Kaká tem mais
uma chance de provar seu valor, contra a Fiorentina, de novo no San
Siro. E na quarta-feira da semana que vem, o desafio é maior, diante do
Barcelona, no Camp Nou, pela quarta rodada do Grupo H da Liga dos
Campeões. O time da capital recebe o Genoa, no domingo.
Ídolo é o único motivo do Milan para sorrir
Em
má fase, com Balotelli colecionando atuações apagadas, o Milan teve em
Kaká o seu melhor jogador. Mas, mesmo com a boa atuação do ídolo, os
torcedores abandonaram o estádio xingando o treinador Massimiliano
Allegri.
Assim como nos poucos minutos que jogou contra o
Udinese e diante do Barcelona, Kaká foi o único capaz de dar um alento
aos rubro-negros. Contra o Lazio, teve uma boa atuação, sobretudo no
primeiro tempo. Ocupando a ala esquerda do ataque no 4-3-3 do Milan, ao
lado de Birsa e Balotelli, conseguiu finalizar quatro vezes, três na
direção do gol, uma delas terminou com uma boa defesa de Marchetti. O
brasileiro também se mostrou dinâmico nas tabelas com Montolivo e Balo,
além de recuperar várias bolas no meio de campo.
No segundo tempo, o meia caiu de produção, mas ainda assim acertou o
belo chute do gol que acabou valendo o ponto ao Milan. Depois de marcar,
o time perdeu ritmo, e o Lazio aproveitou as falhas para criar perigo e
chegar ao empate. Kaká ainda tentou levar a equipe à frente com algumas
arrancadas pelo lado esquerdo, reclamou de um pênalti em dividida com
Onazi dentro da área, aos 32 minutos. Mas o árbitro nada marcou, apesar
dos protestos da torcida.
Muito cansado pela intensa
movimentação em campo, Kaká acabou sendo substituído por Robinho, aos
39. Pode não ter recuperado sua melhor condição física, mas a categoria
parece nunca tê-lo abandonado.
Por Cláudia Garcia, especial para o GloboEsporte.com - Milão, Itália