Tirar o São Paulo das últimas colocações do Campeonato Brasileiro e
avançar na Copa Sul-Americana foram apenas dois dos feitos de Muricy Ramalho
em seu retorno ao Morumbi. Com um elenco desacreditado e em baixa pelos
fracassos na temporada, o treinador conseguiu recuperar jogadores que
até então pouco brilharam e transformá-los em decisivos para a reação do
Tricolor.
O fechamento da janela de transferências obrigou o técnico a recorrer
às opções no próprio grupo para fazer o time reagir. Funcionou tão bem
que o São Paulo pulou da 18ª colocação quando o comandante assumiu, na
20ª rodada, para o nono lugar 12 confrontos depois. O time ainda está a
um empate de chegar às semifinais do torneio sul-americano.
A maior transformação de rendimento aconteceu com Paulo Henrique Ganso.
Desde que pisou no CT da Barra Funda, Muricy já dava demonstrações de
que apostava tudo no meio-campista. Mais empenhado, o camisa 8 venceu a
disputa com Jadson pela vaga e subiu de produção, resgatando parte do
belo futebol que o levou à seleção brasileira defendendo o Santos.
O treinador, aliás, faz questão de lembrar: para que Ganso melhorasse,
outros jogadores do meio de campo também precisaram evoluir. Maicon
é um deles. Reserva em praticamente todo o ano com Ney Franco e Paulo
Autuori, virou titular absoluto com Muricy jogando como um segundo
volante e abastecendo o armador com passes precisos.
– A equipe toda está se ajudando. Todo mundo que entra está correspondendo. Quem ganha com isso é o São Paulo – disse Maicon.
Na marcação, foi a vez de Denilson
evoluir. Muito questionado como segundo volante, ele passou a atuar
mais fixo na proteção à defesa e cresceu. Por conta disso, superou
jogadores de origem da função, como Wellington, reserva imediato, e
Fabrício, pouco aproveitado com o treinador e um dos que provavelmente
deixarão o clube ao fim da temporada.
A defesa também ganhou uma peça importante. Antônio Carlos
vem exercendo a liderança que a diretoria confiou a Lúcio, afastado no
meio do ano. O zagueiro, contratado do Botafogo já com o Brasileiro em
andamento, rapidamente ganhou a vaga e virou um dos líderes do grupo. Só
com Muricy, fez cinco gols em 12 partidas, perdendo apenas para Aloísio.
O Boi Bandido, aliás, é a sensação da boa fase são-paulina. Apesar de
ser o jogador que mais atuou pelo clube em 2013 (63 jogos), ele nunca se
firmou. No entanto, aproveitou a ausência de Luis Fabiano por lesão
para brilhar: fez seis gols em quatro partidas, ganhou status de ídolo
com as voadoras nas comemorações e tem tudo para desbancar o Fabuloso
até o fim do ano.
O companheiro de ataque de Aloísio é outro renegado de antes. Ademilson
atuava apenas em jogos esporádicos, mas, com a má fase de Osvaldo,
Welliton e Silvinho, entrou para ser a opção de velocidade do setor.
Foram apenas dois gols com Muricy. Porém, caiu nas graças da torcida. Na
última quarta, os 22 mil torcedores presentes ao Morumbi pediram
insistentemente a entrada do garoto de apenas 19 anos.
A cada entrevista, o treinador gosta de destacar que encontrou uma
maneira de jogar e fazer o time render. Por isso, antigos titulares,
como Rafael Toloi, Jadson, Wellington, Osvaldo e possivelmente Luis
Fabiano, terão de se desdobrar para participar mais do fim do ano em
alta do Tricolor.
Por Carlos Augusto Ferrari -
São Paulo.