Aos 21 anos, Dani Pato ostenta um currículo impressionante. Com o
Santos, foi campeã paulista, da Copa do Brasil e da Libertadores. Fez
tabelinha com Marta na Vila Belmiro. Brincou com Neymar nos campos do CT
Rei Pelé. Mas como a realidade do futebol feminino no país é bem
diferente do cenário dos homens, cogita uma precoce aposentadoria para
se dedicar a outros projetos - nenhum deles relacionados ao futebol.
Dani joga atualmente no Vitória de Santo Antão, em Pernambuco, com
salário distante das grandes cifras dos astros do futebol. Sem conseguir
se sustentar, a jogadora pensa em mudar de ramo. Até participar do Big
Brother Brasil está nos planos.
Dani Pato herdou a paixão incondicional por futebol do pai e do irmão,
que tentaram jogar profissionalmente e não tiveram sucesso. Ela tem três
ídolos: Marta, que foi sua colega no time das Sereias da Vila, extinto
em 2011; Dagoberto, atacante do Cruzeiro, seu conterrâneo de Dois
Vizinhos (PR) e de quem herdou o apelido "Dagoberta"; e Grazi Massafera,
modelo que ganhou fama após participar da 5ª edição do BBB e hoje é
atriz de novelas.
– Já me comparam muito com ela pelas fotos, pelo jeito de falar, sou
muito caipirona. Tem alguns traços, como a boca e os olhos, até vejo
semelhança. A nossa história é parecida também, só que ela nunca jogou
bola – diz Dani.
Desiludida com o futebol, Dani quer mudar de rumo. Parecida ou não com
Grazi, a jovem paranaense chama atenção pela beleza. Os cabelos loiros e
olhos verdes fizeram com que ficasse famosa também fora de campo. Dani
já atuou como modelo para marcas de roupa, desfilou em concursos de miss
e sonha se tornar atriz ou apresentadora de um programa de televisão.
Por isso, estabeleceu uma meta ousada para o ano que vem:
– Quero participar do Big Brother Brasil, assim como a Grazi. Vou
entrar, competir e mostrar a todos quem eu sou. Não quero pegar meus
talentos e guardar para mim, quero viver do que gosto. Eu me daria bem
nesse negócio de televisão, preciso de uma chance para vingar.
Dani encara com seriedade a ideia de entrar no BBB. Não é um sonho, é
um plano. Talvez sua última tacada em busca do sucesso. Assim como no
futebol, a jovem paranaense conta que sofreu diversas decepções na vida
de modelo, principalmente por não receber cachês acertados ou promessas
de contratos que nunca se concretizaram.
– Quando tudo começou a não acontecer como imaginava que fosse ser,
chorei muito. Foi ruim para a minha vida. Só que meus fãs,
principalmente nas redes sociais, pedem para eu não desistir, me
elogiam. Não vou abandonar este sonho pela minha família e por essas
pessoas que acreditam em mim.
Quando criança, Dani ajudava os pais com o negócio de venda de doces,
em Dois Vizinhos. No Vitória de Santo Antão, além de alojamento, comida e
curso em faculdade local, Dani recebe do clube o equivalente a dois
salário mínimos. Ainda assim, guarda dinheiro e envia para os pais no
interior do Paraná, para ajudar nas despesas da família. Quando não
consegue o suficiente, junta suas melhores fotos e sai andando pelo
Recife, batendo na porta de lojas de roupa para oferecer seu trabalho
como modelo.
– Já tive que me submeter a isso e consegui que desse certo algumas
vezes, mas foram poucas. E os cachês são baixos, não passam de 100, 200
reais.
No futebol, Dani Pato teve as chances que gostaria e as aproveitou bem.
Chegou longe. Agora é hora de dizer para o pai que essa carreira chegou
ao fim. Sem visitar a família desde janeiro, a atacante se prepara para
a conversa com seu maior fã.
– Ele vai infartar quando souber que quero parar de jogar futebol,
porque é meu maior incentivador. Eu amo o que faço, mas está complicado.
Minha família sabe da minha situação e sofre junto comigo, de longe.
Minha mãe está preocupada com o meu futuro, o mercado de trabalho está
cada vez mais difícil, ainda mais sem formação acadêmica.
Dani Pato saiu de casa há cinco anos. Dos 16 aos 21, investiu seu tempo
no futebol e na tentativa de ser uma modelo de sucesso. Agora, foca na
segunda opção, em um "meio mais valorizado", como define. O ano de 2014
para Dani é uma incógnita. Ela pode voltar para casa e vender doces com
os pais em Dois Vizinhos ou se tornar uma estrela de televisão.
– Já pensou eu atriz da Globo, que demais? – diz, sonhando alto.
Por Cássio Barco -
São Paulo