A duas semanas da estreia do Atlético-MG no Mundial de Clubes, a
competição intercontinental não é a única preocupação do presidente do
clube, Alexandre Kalil. Em entrevista coletiva concedida na tarde desta
quarta-feira na sede do Galo, em Belo Horizonte, Kalil desabafou contra o
bloqueio da verba da venda de Bernard ao Shakhtar Donetsk, pedido pela
Fazenda Nacional. Em tom de apelo, o dirigente pediu a ajuda até da
presidente da República, Dilma Rousseff, para a liberação do dinheiro.
Os salários do clube estão atrasados há um mês e meio, e a diretoria
precisou recorrer a parceiros para pagar os últimos vencimentos que
foram quitados.
- Faz exatamente uma semana que não durmo
direito, estou preocupado. Preciso da torcida. Se o tratamento que nós
estamos tendo continuar, eu não fecho o meu mandato (que vai até o fim
de 2014).
É pedir à nossa presidente que nos trate como mineira como ela é.
Estamos pedindo socorro à nossa presidente, ao ministro Fernando
Pimentel (do Desenvolvimento), que é
poderoso no governo da Dilma. Presidente, socorro. Minas Gerais precisa
ser olhada - afirmou Kalil.
O presidente comparou a situação do Atlético-MG com a de outros clubes brasileiros que recebem verbas federais.
-
Não estou pedindo patrocínio federal, como foi dado por Petrobras, Lubrax. Não quero isenção de PIS e Cofins
nos estádios, como estão dando para Grêmio, Atlético-PR.
Não quero que descontem nada dos impostos do Atlético. Eles que mandam. Só
eles que podem nos ajudar. Não temos representatividade. A própria presidente disse
que tomaria conta do Atlético, porque ela disse que era atleticana.
Mas ela não precisa.
Peço que converse com o Luiz Adams (advogado-geral da União), que vetou os dois acordos que fizemos com a Fazenda - desabafou.
Procuradoria da Fazenda aponta tributos não repassados aos cofres públicos
Procurada
para comentar as declarações de Kalil, a Procuradoria Geral da Fazenda
Nacional (PGFN) enviou nota através de sua assessoria de imprensa para
explicar as causas do bloqueio da verba de Bernard.
- A PGFN informa que a questão está na esfera judicial, que boa parte da
dívida do clube refere-se a tributos que foram descontados mas não
repassados aos cofres públicos e que a penhora relativa à transação do
jogador Bernard está mantida por recente decisão
do TRF da 1ª região.
Maior transferência da história do
Atlético-MG, Bernard foi vendido por 25 milhões de euros (cerca de R$ 77
milhões) ao Shakhtar em agosto, logo depois da conquista da
Libertadores. Porém, o montante da venda foi bloqueado pela Fazenda
Nacional. São três processos distintos. O pedido negado é de apenas um
deles. Além deste, de cerca de R$ 27,4 milhões, há um no valor de quase
R$ 12 milhões e outro de R$ 4,5 milhões.
O clube teve pedido de desbloqueio negado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da Primeira Região, em Brasília, em 4 de setembro. Para não ter o valor bloqueado, o Atlético-MG ofereceu, em garantia, um imóvel localizado na região da Pampulha que, segundo o clube, valeria em torno R$ 40 milhões. Mas, de acordo com o documento emitido pelo TRF, o imóvel foi avaliado por um oficial de Justiça em R$ 20 milhões.
O clube teve pedido de desbloqueio negado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da Primeira Região, em Brasília, em 4 de setembro. Para não ter o valor bloqueado, o Atlético-MG ofereceu, em garantia, um imóvel localizado na região da Pampulha que, segundo o clube, valeria em torno R$ 40 milhões. Mas, de acordo com o documento emitido pelo TRF, o imóvel foi avaliado por um oficial de Justiça em R$ 20 milhões.
Por Fernando Martins Y Miguel - Belo Horizonte