Terra da longevidade, a serrana Veranópolis foi testemunha na tarde
deste domingo de um tabu com ares de carma e que parece não ter fim.
Atuando com reservas, o Inter voltou a perder para o Veranópolis no
estádio Antônio David Farina, palco em que triunfara pela última vez
apenas em 2008, na última passagem de Abel Braga. Mas nem a mística de
Abelão salvou. Muito menosa estreia do experiente goleiro Dida. A
derrota por 1 a 0 foi o primeiro insucesso colorado no Campeonato
Gaúcho, após oito vitórias e um empate. Para se ter uma ideia do trauma
vermelho: no estadual do ano passado, a equipe principal, então treinada
por Dunga, também perdeu sua série invicta para o pentacolor da Serra.
Para aumentar a soma de coincidências, repetiu-se também a forma com a
qual veio a derrota. De um escanteio pelo lado direito do ataque. O
esperto centroavante Soares completou de cabeça, aos 13 minutos do
primeiro tempo, e Dida só olhou a bola entrar num lance que, embora
tenha custado a invencibilidade, não macula a campanha. O time segue
líder absoluto do Grupo A, com melhor desempenho geral em seus 25
pontos.
O Inter volta a jogar em sua casa na quarta, quando reencontra o
Beira-Rio diante do Brasil de Pelotas, melhor equipe do Interior, às 22h
(de Brasília). Será o segundo evento-teste do estádio gaúcho da Copa,
novamente para 10 mil sócios, assim como o 4 a 0 sobre o Caxias, no fim
de semana passado. No sábado, o Veranópolis, com 19 pontos e apenas uma
derrota para o Grêmio na Arena, recebe o Juventude, em clássico da serra
gaúcha marcado para as 19h.
VEC abusado, Inter envolvido
Era pura
armadilha a modéstia exacerbada de Julinho Camargo antes de a bola rolar
no Antônio David Farina. O técnico do Veranópolis disse que é normal
essa facilidade da dupla Gre-Nal no Gauchão, por isso os clubes do
Interior precisariam se conformar. Em campo, no entanto, o seu VEC jogou
como gente grande. Ex-Grêmio, Julinho colocou quatro homens de frente,
fazendo um ataque veloz e envolvente. Pobre Alan Ruschel. Contratado da
Chapecoense, o lateral-esquerdo voltava ao futebol após sete meses de
gancho por doping. E como sofreu em seu retorno.
As principais
combinações de George Lucas, Eder e Lê saíam pelo lado direito do
ataque do VEC. Otávio até recuava para ajudar, mas estava difícil. Mesmo
envolvido, o Inter teve a primeira chance em finalização de Augusto
salva por César. O estreante Dida, recuperado de lesão, no entanto, nada
pôde fazer na sua vez de tentar a defesa. Aos 13 minutos, em escanteio
cobrado da direita, o grandalhão Soares desviou de cabeça: 1 a 0, num
curioso replay do gol que deu a vitória aos donos da casa em 7 de abril
de 2013, resultado que também significou a queda da invencibilidade
colorada na ocasião.
Pressão total, zero gol
O gol sofrido acendeu o Inter, que passou a ocupar mais o campo de
ataque. Alan Ruschel, aos 17, invadiu a área em velocidade e foi
derrubado. Pênalti não marcado pelo árbitro Francisco Neto. Sem a chance
de empatar na penalidade, o Inter tentou de longa distância,
aproveitando a bola molhada da forte chuva. Não deu certo. Assustou
mesmo aos 37, em cabeceio de Ernando para grande intervenção de César.
– Um
jogo difícil, diante de uma equipe qualificada. Tem que ver o que
erramos e tentar a virada no segundo tempo – receitou Alan Ruschel.
Não
foi por falta de vontade. Caio entrou na vaga de apagado Valdivia. Mas
não passou por ele a tentativa de reação. Aos cinco minutos, Cláudio
Winck cruzou para a pequena área, e a zaga salvou. Um minuto depois, os
jogadores se enervaram novamente contra o árbitro, ao pedir mais um
pênalti, desta vez sobre Wellington Paulista.
E foi o
centroavante que mais irritou o torcedor. Aos 20, entrou livre e, em vez
de finalizar, tentou passar para o meio da área. A blitz seguiu com
cabeceio com estilo de Cláudio Winck, que passou raspando o poste
direito de César. Sete minutos depois, Caio entrou de carrinho na
pequena área, mandando a bola no travessão. Tudo sob a batuta de Alan
Patrick, confirmando seu bom momento. Enquanto isso, o Veranópolis, cada
vez mais acuado, só se defendia. Deu certo. O carma colorado se mantém
intacto e cada vez mais duradouro na terra da longevidade.
Por GloboEsporte.com - Veranópolis, RS