BLOG DO BETO

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Nem Dida salva: Inter mantém carma com o Veranópolis e perde a primeira.

Terra da longevidade, a serrana Veranópolis foi testemunha na tarde deste domingo de um tabu com ares de carma e que parece não ter fim. Atuando com reservas, o Inter voltou a perder para o Veranópolis no estádio Antônio David Farina, palco em que triunfara pela última vez apenas em 2008, na última passagem de Abel Braga. Mas nem a mística de Abelão salvou. Muito menosa estreia do experiente goleiro Dida. A derrota por 1 a 0 foi o primeiro insucesso colorado no Campeonato Gaúcho, após oito vitórias e um empate. Para se ter uma ideia do trauma vermelho: no estadual do ano passado, a equipe principal, então treinada por Dunga, também perdeu sua série invicta para o pentacolor da Serra.

Para aumentar a soma de coincidências, repetiu-se também a forma com a qual veio a derrota. De um escanteio pelo lado direito do ataque. O esperto centroavante Soares completou de cabeça, aos 13 minutos do primeiro tempo, e Dida só olhou a bola entrar num lance que, embora tenha custado a invencibilidade, não macula a campanha. O time segue líder absoluto do Grupo A, com melhor desempenho geral em seus 25 pontos.  

O Inter volta a jogar em sua casa na quarta, quando reencontra o Beira-Rio diante do Brasil de Pelotas, melhor equipe do Interior, às 22h (de Brasília). Será o segundo evento-teste do estádio gaúcho da Copa, novamente para 10 mil sócios, assim como o 4 a 0 sobre o Caxias, no fim de semana passado. No sábado, o Veranópolis, com 19 pontos e apenas uma derrota para o Grêmio na Arena, recebe o Juventude, em clássico da serra gaúcha marcado para as 19h.

VEC abusado, Inter envolvido

Era pura armadilha a modéstia exacerbada de Julinho Camargo antes de a bola rolar no Antônio David Farina. O técnico do Veranópolis disse que é normal essa facilidade da dupla Gre-Nal no Gauchão, por isso os clubes do Interior precisariam se conformar. Em campo, no entanto, o seu VEC jogou como gente grande. Ex-Grêmio, Julinho colocou quatro homens de frente, fazendo um ataque veloz e envolvente. Pobre Alan Ruschel. Contratado da Chapecoense, o lateral-esquerdo voltava ao futebol após sete meses de gancho por doping. E como sofreu em seu retorno.
As principais combinações de George Lucas, Eder e Lê saíam pelo lado direito do ataque do VEC. Otávio até recuava para ajudar, mas estava difícil. Mesmo envolvido, o Inter teve a primeira chance em finalização de Augusto salva por César. O estreante Dida, recuperado de lesão, no entanto, nada pôde fazer na sua vez de tentar a defesa. Aos 13 minutos, em escanteio cobrado da direita, o grandalhão Soares desviou de cabeça: 1 a 0, num curioso replay do gol que deu a vitória aos donos da casa em 7 de abril de 2013, resultado que também significou a queda da invencibilidade colorada na ocasião.

Pressão total, zero gol

O gol sofrido acendeu o Inter, que passou a ocupar mais o campo de ataque. Alan Ruschel, aos 17, invadiu a área em velocidade e foi derrubado. Pênalti não marcado pelo árbitro Francisco Neto. Sem a chance de empatar na penalidade, o Inter tentou de longa distância, aproveitando a bola molhada da forte chuva. Não deu certo. Assustou mesmo aos 37, em cabeceio de Ernando para grande intervenção de César.
– Um jogo difícil, diante de uma equipe qualificada. Tem que ver o que erramos e tentar a virada no segundo tempo – receitou Alan Ruschel.
Não foi por falta de vontade. Caio entrou na vaga de apagado Valdivia. Mas não passou por ele a tentativa de reação. Aos cinco minutos, Cláudio Winck cruzou para a pequena área, e a zaga salvou. Um minuto depois, os jogadores se enervaram novamente contra o árbitro, ao pedir mais um pênalti, desta vez sobre Wellington Paulista.
E foi o centroavante que mais irritou o torcedor. Aos 20, entrou livre e, em vez de finalizar, tentou passar para o meio da área. A blitz seguiu com cabeceio com estilo de Cláudio Winck, que passou raspando o poste direito de César. Sete minutos depois, Caio entrou de carrinho na pequena área, mandando a bola no travessão. Tudo sob a batuta de Alan Patrick, confirmando seu bom momento. Enquanto isso, o Veranópolis, cada vez mais acuado, só se defendia. Deu certo. O carma colorado se mantém intacto e cada vez mais duradouro na terra da longevidade.

Por Veranópolis, RS