Um suspiro, caras fechadas e uma comemoração efusiva da minoria. O golaço de Evra para o Manchester United colocou em xeque o trabalho perfeccionista de Pep Guardiola no Bayern de Munique.
Mas apenas por um minuto. Foi o tempo que o time bávaro levou para
balançar a cabeça e reagir, como se fosse um ato ironicamente combinado.
Mario Mandzukic empatou, Thomas Müller virou, Arjen Robben ampliou. E
os alemães encaixaram para chegar à terceira semifinal consecutiva da
Liga dos Campeões da Europa com a vitória por 3 a 1 nesta quarta-feira,
na Allianz Arena.
Aos gritos de "Super-Bayern", a equipe comemorou o triunfo e a vaga
mesmo diante de desfalques importantes, como Schweinsteiger, Javi
Martínez, Thiago Alcântara e Shaqiri. Nos Diabos Vermelhos, Wayne Rooney
foi a campo mesmo com dores no dedão de um dos pés. O craque inglês não
teve grande atuação e acabou desperdiçando boa chance de anotar o
segundo de seu time quando o placar ainda estava 1 a 1.
O
Bayern conhecerá o seu adversário nas semifinais nesta sexta-feira. Um
sorteio em Nyon, na sede da Uefa, colocará Real Madrid, Chelsea ou
Atlético de Madrid no caminho dos atuais campeões. Os colchoneros são a
grande surpresa do torneio até aqui, principalmente depois de eliminar o
Barcelona com a vitória por 1 a 0 também nesta quarta, em Madri.
O
treinador Luiz Felipe Scolari, da seleção brasileira, acompanhou as
ações ao lado do auxiliar Murtosa e do diretor técnico Carlos Alberto
Parreira, que esteve no CT do Bayern nesta terça-feira e se encontrou
com os jogadores Dante e Rafinha.
ah, os números...
Quem
olhar para as estatísticas do primeiro tempo poderá até se assustar.
Pois os números, já dizia Tostão, mentem. Assim como no jogo de ida, o
Bayern de Munique dominou amplamente as ações, finalizou 13 vezes –
contra apenas uma do Manchester United –, manteve a bola em 68% do tempo
possível. Mas não, não foi melhor ao ponto de abrir o marcador.
Tampouco por merecer alguma vantagem.
Guardiola bem que tentou. Inovou. Os bávaros se apresentaram num esquema diferente, uma espécie de 2-3-4-1, com Alaba e Lahm atuando como volantes, junto a Kroos, deixando Ribéry e Robben tomando conta das pontas. Era uma maneira de conseguir profundidade, pressionar ainda mais os Diabos Vermelhos em seu campo e agredir. Missão incompleta.
Guardiola bem que tentou. Inovou. Os bávaros se apresentaram num esquema diferente, uma espécie de 2-3-4-1, com Alaba e Lahm atuando como volantes, junto a Kroos, deixando Ribéry e Robben tomando conta das pontas. Era uma maneira de conseguir profundidade, pressionar ainda mais os Diabos Vermelhos em seu campo e agredir. Missão incompleta.
De todas as principais oportunidades criadas pelos alemães, Robben
estava lá com sua careca reluzente. Ele pediu e participou. Também
atrapalhou ao não servir aos companheiros no momento mais adequado – aos
42, por exemplo, recebeu na grande área, segurou e deixou de passar a
bola. O chute acabou bloqueado no caminho do gol de De Gea, que
praticamente não sujou seu uniforme.
Curiosamente, veio do outro lado a grande chance – embora ironicamente não tenha se transformado em finalização. Foi com Rooney, logo aos sete minutos. O inglês cometeu o mesmo pecado que Robben e, com Kagawa ao seu lado, segurou demais. Acabou sendo o ápice de um time que entrou para se defender, mesmo consciente de que não se classificaria sem um gol.
Curiosamente, veio do outro lado a grande chance – embora ironicamente não tenha se transformado em finalização. Foi com Rooney, logo aos sete minutos. O inglês cometeu o mesmo pecado que Robben e, com Kagawa ao seu lado, segurou demais. Acabou sendo o ápice de um time que entrou para se defender, mesmo consciente de que não se classificaria sem um gol.
Torcidas à parte
As duas torcidas se faziam presentes. Nenhuma com a mesma energia da Muralha Amarela, por exemplo, mas o espetáculo era perceptível. Antes de a bola rolar, a tribuna atrás de um dos gols preparou um belíssimo mosaico, reafirmando a condição do Bayern de "Reis da Europa" – são os atuais campeões do continente e do mundo.
O estádio não estava lotado por um importante motivo: o clube alemão foi punido pela Uefa após a presença de um cartaz homofóbico contra Özil diante do Arsenal, pelas oitavas de final. Todo o setor 124, à beira do gramado, foi fechado.
bayern sofre, mas reage
Enquanto mais se falava de torcida, os protagonistas resolveram agir. Aos 12, Valencia cruzou da direita, a bola atravessou a grande área e encontrou o pé esquerdo calibradíssimo de Patrice Evra. Dali para o ângulo de Manuel Neuer. Um golaço. Pareceu uma ação combinada, como se o Bayern estivesse esperando o susto para reagir. No minuto seguinte, Ribéry cruzou da esquerda, e Manduzkic apareceu para cabecear, mostrando que o seu estilo ainda pode ser muito útil na equipe de Guardiola.
Wayne Rooney, por detalhes, não colocou o United novamente em vantagem. Definitivamente o jogo era outro. E aí o treinador catalão não quis correr riscos com sua defesa exposta. Tirou Götze e colocou o brasileiro Rafinha, devolvendo Lahm à função que mais cumpriu na temporada. Não se pode dizer que deu errado: o Manchester United praticamente não teve forças para criar. E não resistiu às seguidas investidas: Müller, completando cruzamento da direita, e Robben, em sua habitual jogada individual, levaram os bávaros a mais uma semifinal. A terceira consecutiva.
Por Victor Canedo - Munique, Alemanha