Neymar
fez o gol 190 de sua carreira na vitória por 4 a 0 do Brasil sobre o
Panamá. Seu
estafe já contabiliza 200. Esse número poderia até ser maior numa soma
menos rigorosa. São 31 pela Seleção, novo recorde no século, além de
mais quatro na equipe olímpica. Ainda bem que futebol não é matemática.
Esqueça os números. Se foi o gol 190, 200 ou 210... O que
importa é que o gol libertou a seleção brasileira, amarrada à pressão de iniciar
no Serra Dourada a caminhada para o hexa, às exigências de Felipão por um time com mais
pegada. E libertou das vaias que ameaçavam entrar em campo e destruírem o clima
de Copa do Mundo. Dali para os 4 a 0 foi um pulo, um drible.
Já se ouvia os primeiros ruídos quando Neymar arrancou pelo
meio e foi derrubado perto da área. Um dos tantos clichês do futebol diz que "treino
é treino, jogo é jogo". Para o craque brasileiro, treino é jogo. Na véspera,
ele bateu muitas faltas daquele mesmo lugar. Deu certo. O chute no ângulo acalmou
as arquibancadas, Felipão e os companheiros, que depois passearam.
O atacante entendeu que era a referência para todos no Serra
Dourada. As crianças se encantam por seu carisma, os jovens querem jogar como
ele, as meninas gritam de paixão. E os outros 10 em campo se enchem de
confiança quando ele está bem.
Neymar fez o gol e jogou o torcedor para cima. Primeiro com
os braços, depois com a desmoralizante bola no meio das pernas de Baloy. Foi o
troco pela encarada que havia recebido do zagueirão ao trombar em seu peito.
Com o Brasil em vantagem, o camisa 10 se sentiu à vontade para
exibir e ampliar seu repertório. Acrescentem ao cardápio o roubo de bola com
chapéu e até um drible no árbitro.
Como o clima era de Copa, também houve
provocações que renderam um tapa de Machado em seu pescoço e um cartão
amarelo. Na saída para o intervalo, o craque reclamou com o juiz.
Mas o segundo tempo começou com outra preciosidade: um passe brilhante para o gol de
Hulk. Felipão havia avisado na véspera que o melhor remédio para não se
machucar era jogar sério, para valer. Neymar obedeceu e apanhou como de costume.
Se quando havia pouco espaço o atacante do Barcelona já
salvara a seleção brasileira, com um rival entregue ficou muito fácil. Neymar
deitou e rolou. O gol de Willian, quarto da equipe, começou com seu passe para
Maxwell.
Como ato final, o camisa 10 deu uma linda bicicleta. O
goleiro McFarlane defendeu. Neymar estava impedido, mas nada anulou a
beleza do lance. O público reconheceu que o craque elevou a Seleção a
outro patamar no jogo e terá que fazer
isso também na Copa do Mundo. Gritou seu nome em coro.
Neymar
até poderia ter feito mais, só que ficou nos 190
gols mesmo. A diferença para os 200 contabilizados por seu estafe é que
na maior soma contabilizam dez pelas seleções brasileiras sub-17 e
sub-20. Gols em categorias
de base não costumam valer nessas estatísticas. Até porque, nesse caso,
poderiam valer também os feitos antes de jogar no time principal do
Santos.
São 190 gols como profissional: 138 pelo Santos,
17 pelo Barcelona, 35 pela Seleção (31 na principal e quatro na olímpica). Esse
foi o oitavo de falta. São milhões de brasileiros à espera de seus shows. Quem sabe
o 200 vem na Copa...
Por Alexandre Lozetti - Goiânia, GO