Para o atual time do São Paulo, vencer é o que importa. Com dois a
menos, um gol mal anulado e uma disposição exemplar, o time de Muricy
Ramalho vai valorizar demais a vitória por 1 a 0 sobre o Bahia, neste
domingo, na Fonte Nova, pela 30ª rodada do Brasileirão. Após um bom
primeiro tempo e um gol de Aloísio, o São Paulo teve Denílson e Maicon
expulsos e segurou o resultado na base da raça, do coração, de quem não
quer saber de Série B. A união no fim do jogo, o "Aqui é trabalho" de
Muricy e o choro de Rogério Ceni (de dor, por causa de uma pancada nas
costas) representam o espírito do "novo" São Paulo.
- Psicologicamente, foi uma vitória importante. O time jogou com alma. É
o exemplo que levamos desse jogo - afirmou Ceni na saída do gramado.
A vitória também tem valor maior pelo fato de ser um confronto direto
na luta contra o rebaixamento. A equipe de Muricy foi aos 40 pontos,
respirou um pouco mais e deixou o Bahia no sufoco, com apenas 36.
Os comandados de Cristóvão Borges ensaiaram uma pressão no fim do jogo,
mas não conseguiram superar o rival. Os mais de 24 mil torcedores que
foram à Fonte Nova saíram desapontados e vaiaram a equipe baiana. Em
minoria também nas arquibancadas, os são-paulinos gritaram "time de
guerreiros". Merecido.
O São Paulo volta a campo no próximo domingo, às 16h (horário de
Brasília), quando enfrenta o Internacional, em Caxias do Sul. No mesmo
dia e horário, o Bahia recebe o Atlético-PR na Fonte Nova.
Farra do Boi
Com o risco de rebaixamento cada vez menor, o São Paulo tem sido uma
equipe bem mais solta em campo. Organizada também. Aberto como um ponta
pela direita, Douglas explorou o espaço às costas de Raul e criou boas
jogadas pelo setor. Os paulistas mandavam no jogo e logo abriram o
placar, com Paulo Miranda, em lance anulado pelo árbitro Sandro Meira
Ricci – marcou falta do zagueiro em Marcelo Lomba.
O Bahia não encontrou soluções para vencer as duas linhas de marcação
do São Paulo. Apenas Marquinhos Gabriel foi o responsável pela armação,
arriscou dois chutes a gol, mas foi anulado com facilidade. Uma bola na
trave em chute de Feijão assustou Rogério Ceni. Mas foi apenas esse
lance. De resto, o Tricolor baiano insistiu em lançamentos para o
artilheiro Fernandão, que, pouco inspirado e muito nervoso, não criou
nada.
O maior volume de jogo são-paulino era evidente, mas o gol não saia. Já
esperto em relação a Douglas, Ganso e companhia, o sistema defensivo do
Bahia acabou surpreendido por um lançamento longo. Lá da defesa, Rafael
Toloi encontrou o bravo Aloísio livre. Aos 23 minutos, o Boi Bandido
dominou invadiu a área pela direita e mandou a bomba, sem chances para
Marcelo Lomba: 1 a 0. Acostumado a “agredir” os companheiros nas
comemorações, ele virou vítima e apanhou no banco de reservas. Antes,
escapou de um chute de Ganso e ensaiou uma voadora em Muricy, assustando
o treinador.
A tarde do São Paulo tinha tudo para ser tranquila. O time trocava
passes, Ganso tinha liberdade, e as chances apareciam. O segundo gol
parecia natural. Muricy Ramalho só não contava com o destempero de
Denílson, que deu um pisão em William Barbio, foi expulso e quebrou o
esquema tático que vinha engolindo o rival.
Vencer é o que importa
Com um jogador a menos, Muricy já esperava a pressão do Bahia no
segundo tempo. Com Wellington no lugar de Ademilson, as duas linhas de
quatro jogadores foram mantidas, e Aloísio ficou isolado no ataque – tão
isolado que sentiu um problema muscular após um pique e foi substituído
por Welliton.
O São Paulo queria o contra-ataque, mas teve pouco a aproveitar. O
Bahia iniciou uma pressão, criou com Marquinhos Gabriel e Maicon, e fez a
bola rondar a área de Rogério Ceni com cada vez mais perigo. Cristóvão
Borges sentiu que a bola aérea seria a solução: colocou Souza ao lado de
Fernandão. Com dois grandalhões na área, a ordem era jogar a bola para o
alto.
A expulsão de Maicon só deixou o cenário mais dramático para os dois
lados. O meia são-paulino levou cartão vermelho por reclamação e
despertou a ira de Muricy Ramalho – com seu meia, não com o árbitro.
Welliton foi “sacrificado” e Fabrício se juntou a outros oito guerreiros
na tentativa de evitar o empate.
Os últimos dez minutos foram disputados em metade do campo. Aquela
metade com nove se defendendo e dez pressionando, tocando a bola, mas
sem tanta objetividade. A minoria se deu melhor. O apito final de Sandro
Meira Ricci foi o alívio para um São Paulo combativo, lutador, e mais
longe da zona de rebaixamento.
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