Do sofá de sua casa, Juninho Pernambucano
acompanhou a partida do Vasco contra o Criciúma. Atento, prestou
atenção no discurso do grupo após a derrota por 3 a 2. O tom de
resignação, aparentemente tranquilo, não passou batido pelo capitão.
Afinal, hoje o Reizinho é movido pela indignação com a situação do
Vasco, um grande que luta para evitar seu segundo rebaixamento. Movido
pelo inconformismo de pensar que pode encerrar sua carreira no clube de
forma traumática.
Por isso, perto de completar 39 anos, Juninho tenta driblar as
limitações de seu corpo para participar, se possível, das dez partidas
que restam no Campeonato Brasileiro. Enquanto isso, quer usar sua
representatividade para mobilizar o elenco e o clube para reagir. Assim,
enquanto faz uso de seu talento dentro de campo, movimenta-se para
motivar mudanças que possam ter efeitos positivos.
Por exemplo, durante o treino da última terça-feira, discordou de
Dorival Júnior em meio a uma reunião no gramado do CFZ. Depois de o
técnico dizer que os jogadores precisavam de alegria para treinar, o
capitão contra-argumentou, afirmando que os resultados negativos não
devem ser banalizados: é preciso haver sofrimento nas derrotas e, assim,
trabalhar em cima delas.
Internamente, Juninho foi o porta-voz de um grupo de jogadores mais
experientes que mostrou descontentamento com algumas questões logísticas
da delegação no período de uma semana em Florianópolis. Uma das
reclamações foi a opção por um almoço numa churrascaria na véspera da
partida contra o Criciúma, embora esse fato não tenha sido inédito.
O fato é que atualmente Juninho não esconde de ninguém em São Januário
que deseja ver em todo o elenco esse espírito de inconformismo e
indignação com a situação do Vasco. E faz de tudo para que exista a
mobilização necessária para dar fim ao sofrimento o mais rapidamente
possível.
Dorival Júnior reconhece que a situação de Juninho deve ser levada em
consideração por todos, já que se trata de um dos maiores ídolos da
história do Vasco e que, por isso, não merece ter sua trajetória
maculada. No entanto, lembra que a causa do Reizinho é a mesma da de
todos que compõem o elenco cruz-maltino.
- O Vasco tem trabalhado para sair dessa situação. O Juninho tem
colaborado, e nosso trabalho também está voltado para esse lado. Mas não
estamos olhando a questão de forma individual. Queremos voltar a ter
tranquilidade no campeonato, e tenho certeza de que teremos novamente
esse bom momento - disse.
Por Gustavo Rotstein -
Macaé, RJ.