Um toque e nada mais.
Hernane
não precisa de muito para fazer gol, e tem mostrado isso no
Brasileirão. Ao tocar por cima de Marcelo Lomba para garantir a vitória
do Flamengo sobre o Bahia por 2 a 1, quarta-feira, no Maracanã (assista aos melhores momentos no vídeo),
o Brocador chegou a 28 gols em 2013 e igualou Edilson como maior
artilheiro do clube em uma temporada no Século XXI. No campeonato
nacional, já são 13 - dois a menos que Ederson, do Atlético-PR, goleador
máximo - e quase todos marcados com sua principal característica: a
finalização de primeira. A variedade para balançar as redes é grande: já
o fez de letra, de bico, de cabeça, com sutileza por cima do goleiro,
de pênalti... Em 12 deles, por sua vez, foi suficiente um toque e nada
mais.
De todos os gols marcados no Brasileirão, apenas no primeiro Hernane
teve mais do que um contato com a bola: diante do Criciúma, no 3 a 0 da
quinta rodada, no Heriberto Hülse. Ainda assim, não dá para dizer que
foi um domínio muito planejado. Ao receber passe, o atacante ganha no
corpo do defensor e escora meio sem querer com a perna esquerda antes da
conclusão. Este, por sinal, foi um dos únicos dois gols marcados fora
do Maracanã - o outro aconteceu contra o Vasco, no Mané Garrincha, em
Brasília. Maior artilheiro do estádio desde a reabertura, o rubro-negro
agora soma 11 gols em 11 jogos.
Outro ponto em comum nos gols de Hernane é a presença de área. Foi
daquele espaço que saíram todas as finalizações certeiras. Curiosamente,
contra o Bahia, por muito pouco o Brocador não fez um gol que fugiria
de todos os seus padrões. Aos 19 do segundo tempo, recebeu na
intermediária, ajeitou o corpo e chutou rasteiro, no cantinho.
Caprichosamente, a bola, que desviou em um adversário, tocou nas duas
traves antes de parar nas mão de Marcelo Lomba. O goleiro do Tricolor de
Aço teve ainda que dividir com Gabriel sobre a linha para impedir o
segundo tento rubro-negro.
Se estar dentro da área e dar somente um toque na bola parece ser
pré-requisito para Hernane fazer gol, engana-se quem pensa que trata-se
de um atacante previsível. Inquieto, faz da movimentação em busca do
melhor posicionamento uma arma e não tem problemas e fazer gol feio.
Dessa maneira, superou os goleiros de Fluminense e Criciúma com
finalizações de bico. Por outro lado, demonstrou classe ao dar um
toquinho por cima de Wilson na partida contra o Vitória, além de acertar
uma letra para vencer Diego Cavalieri, goleiro da Seleção e do Flu.
Ao todo, foram seis gols de pé direito - apenas um de pênalti -, cinco
com o pé esquerdo e dois de cabeça no Brasileirão. O tento contra o
Bahia fez Hernane superar também a marca que o garantiu a artilharia do
Carioca: 12. Os outros três gols para fechar os 28 no ano aconteceram
diante do Remo, pela primeira fase da Copa do Brasil. Homenageado após o
gol contra os baianos, Jayme de Almeida comentou a boa fase do
Brocador:
- O Hernane já vinha jogando com o Mano e estava se afirmando, fazendo
gols. Não ia mexer ali. A partir do momento que entrei, ele tem
correspondido plenamente. As pessoas o enxergam como um cara que só faz
gol, mas é muito importante na retomada de bola. É um cara que finaliza
muito bem. Temos que ter segurança e dar segurança ao atleta. O caminho é
esse. Tenho procurado dar confiança, quem tem entrado também, e temos
montado um time muito legal.
No início da temporada, Hernane traçou uma meta de 30 gols até o fim de
2013. Restam ao Flamengo, no mínimo, mais dez jogos no ano: nove pelo
Brasileirão e um na Copa do Brasil. Tempo de sobra para o Brocador
cumprir seu objetivo e, quem sabe, conseguir até mesmo a artilharia do
Campeonato Brasileiro. Para quem começou o ano desacreditado e teve que
recuperar espaço após a chegada de Marcelo Moreno, nenhum desafio é
demais.
Por Cahê Mota - Rio de Janeiro
Por Cahê Mota - Rio de Janeiro