Na arquibancada da Arena Joinville, integrantes de facções
organizadas das torcidas de Atlético-PR e Vasco se enfrentavam numa luta
parecida com uma batalha medieval. No gramado, os jogadores
cruz-maltinos pareciam igualmente golpeados. O que se viu de dentro de
campo foi um time abatido logo no início da partida, que terminou em
goleada por 5 a 1 e rebaixamento dos cariocas para a Série B do Campeonato Brasileiro.
À
beira do campo, foi possível ver sobre o time comandado por Adilson
Batista o impacto provocado por dois eventos: o gol marcado por Paulo
Baier aos quatro minutos e a briga entre torcedores, que paralisou a
partida aos 17 minutos do primeiro tempo. O Vasco, que até então buscava
jogar de uma forma que raramente fez durante todo o campeonato,
tornou-se um adversário psicologicamente e, por consequência,
tecnicamente frágil.
Adilson Batista foi inquieto à beira do campo durante quase todas as
três horas que a partida durou (com a paralisação) no último domingo.
Entregou os pontos somente quando o Atlético-PR marcou o quarto gol.
Naquele momento, olhou o relógio e sentou à frente do banco de reservas e
baixou a cabeça, algo que não havia feito até então, mesmo diante da
ampla superioridade do adversário durante todo o confronto. Nem mesmo
quando o oponente abriu o placar, logo no início. Pouco depois do gol,
quando o Vasco teve uma oportunidade desperdiçada, virou-se para os
jogadores, mas falou quase para si:
- Estamos vivos.
Mas as vidas estariam em risco pouco depois, quando teve início a
briga entre os torcedores. Durante a paralisação da partida, o que se
viu foram jogadores do Vasco assustados com o que viam na arquibancada.
Em diversas rodas de conversa, os atletas comentavam as cenas de
violência e pareciam entender que, naquele momento, o Vasco não teria
condição psicológica de vencer.
- Será que se o jogo for
anulado o Vasco consegue ganhar os pontos ou pelo menos a partida
recomeça 0 a 0? - perguntava um jogador cruz-maltino a outro.
Mas
o árbitro Ricardo Marques Ribeiro acabou por apitar o reinício da
partida. E o gol marcado por Edmilson deu ao Vasco uma pequena esperança
de que aquela noite poderia terminar nem tão trágica quanto a briga da
arquibancada. Pouco depois de comemorarem o empate, alguns reservas
cruz-maltinos aproveitaram para responder às hostilidades que vinham
sofrendo de torcedores do Atlético-PR desde o início da partida.
Por Gustavo Rotstein - Joinville, SC