Não é só o futebol brasileiro que tem seu movimento de "Bom Senso". Na Espanha, no duelo entre Racing Santander e Real Sociedad,
pelas quartas de
final da Copa do Rei, os jogadores do Racing se recusaram a disputar a
partida,
no próprio estádio, El Sardinero, em protesto contra os salários
atrasados e a diretoria do clube. Por conta disso, o árbitro
encerrou o jogo poucos minutos após o apito inicial. Assim, a Real
Sociedad será a adversária do Barcelona nas semifinais da competição.
Os
jogadores, aplaudidos pela torcida no retorno ao vestiário, já
ameaçavam o boicote desde o início da semana. Alguns deles não são pagos
desde agosto do ano passado. Uma das exigências do elenco era a
demissão dos membros do Conselho de Administração do clube, medida
acatada por todos os dirigentes, menos Ahsan Ali Syed, representante da
empresa WGA, que tem a maioria das
ações do Racing. O presidente da entidade, Ángel Lavín Harry, também não
deixou o cargo, o que contrariou os atletas.
- Tínhamos claro o que faríamos desde segunda-feira. É uma
pena que tenhamos que ter chegado até aqui. Esperamos que não haja
consequências - disse o zagueiro Javi Soria, na saída de campo.
- Quero
agradecer ao apoio que temos recebido. Lamentamos, mas fizemos isso por respeito
ao futebol, ao esporte que amamos. Quero agradecer aos jogadores pela coragem.
Era o jogo mais importante de nossas vidas e trocamos isso por dignidade. Sem o
apoio da torcida, teria sido muito difícil - desabafou o técnico do Racing, Paco Fernández.
O
elenco do Racing aguardava pela saída do mandatário até uma hora antes
do jogo. Lavín chegou a se reunir com a diretoria na sede do clube, mas
não oficializou sua saída. Assim, mesmo antes de entrarem em campo, os
jogadores avisaram ao árbitro da partida e aos jogadores da Real
Sociedad que não disputariam a partida.
Mesmo com o aviso, os atletas do Racing foram ao gramado
para o aquecimento normalmente. Entretanto, com o apito inicial, não
correram atrás da bola e se abraçaram no meio de campo. Na linha
lateral, comissão técnica e reservas repetiram o gesto. O árbitro
conversou com o capitão da equipe, Mario Fernández, que confirmou a
intenção de não jogar, e então encerrou a partida.
- Vamos
ver o que acontece. Temos que seguir adiante. A cabeça não está onde deveria,
mas temos que seguir. Foi um dia de muita tensão, muita emoção. Quando chegamos
ao gramado pensamos que íamos jogar, mas não atenderam às nossas reivindicações
– comentou o treinador da equipe.
O Racing disputa
atualmente na terceira divisão espanhola, mas
esteve na elite na temporada 2011/2012. Os seguidos problemas
financeiros do
clube causaram um novo rebaixamento na segunda divisão, em 2012/2013. A
princípio, o protesto deve custar à equipe a participação na Copa do
Rei do próximo ano.
Por GloboEsporte.com - Santander, Espanha.